Via Esquerda quer que BE defenda regionalização e renegociação da dívida na campanha

Sensibilidade interna do BE, com dirigentes fundadores de peso, apela a que "as pessoas não saiam do BE". E garante: "A diversidade no BE não pode acabar senão o BE terá vida curta."

Foto
O deputado do BE Pedro Soares integra a sensibilidade interna Via Esquerda Joana Goncalves

O BE deve defender “a realização do referendo sobre regionalização na próxima legislatura, a reestruturação da dívida portuguesa e a reversão das lei laborais e a diminuição da precariedade” no programa e no discurso de campanha nas eleições europeias e nas legislativas. Esta é a conclusão do encontro nacional de sábado, em Vila Nova da Barquinha, da sensibilidade interna do BE, a Via Esquerda explicou ao PÚBLICO António Soares Luz, fundador do partido e dirigente distrital no Porto.

Descontentes com a forma como a direcção nacional do BE conduz o partido, os militantes que se organizaram formalmente na sensibilidade Via Esquerda em Junho de 2018, realizaram sábado o seu segundo encontro nacional. E na reunião ficou manifesta a preocupação com a falta de pluralidade interna que “se tem acentuado no BE”, conta António Soares Luz, defendendo: “Às pessoas que discordam, a direcção abre-lhes a porta para saírem. É necessário lutar para que o BE seja um partido plural, essa sempre foi a sua riqueza. Por isso, apelamos a que as pessoas não saiam do BE. Há muitas pessoas descontentes. A diversidade no BE não pode acabar senão o BE terá vida curta.” E afirma que sente “muita pena dos 26 militantes que saíram, pois são pessoas que deram tanta coisa ao BE.”

Entre as críticas dirigidas à direcção nacional, coordenada por Catarina Martins, os militantes organizados na Via Esquerda defendem que “o BE devia ter apresentado um segundo caderno de encargos ao PS”, quando ao fim de dois anos de acordo, os temas acordados ficaram esgotados, assegura António Soares Luz, frisando que o BE “não pode perder a sua capacidade luta radical”.

Nomes de peso

Definindo-se ideologicamente como eco-socialistas, a Via Esquerda reúne nomes de peso no BE. Integram esta sensibilidade os deputados Pedro Soares e Carlos Matias, os ex-líderes da UDP, Mário Tomé e Carlos Marques, o deputado à Assembleia Regional da Madeira, Roberto Almada, autarcas como Luís Gomes (Salvaterra), Henrique Leal (Entroncamento), Armindo Silveira (Abrantes), Victor Pinto (Póvoa de Varzim), Carmo Bica (Lisboa), dirigentes regionais como Manuel Carlos Silva (Braga), distritais como Soares Luz (Porto), José Casimiro (Lisboa), José Carita (Portalegre), Ana Sofia Ligeiro (Santarém). E ainda militantes do BE que integram movimentos sociais. Entre estes estão as feministas dirigentes da Umar, Manuela Tavares e Maria José Magalhães, Leonel Castro ligado às lutas da agricultura, Romão Ramos das causas do ambiente e do anti-nuclear, Francisco Pascoal do movimento estudantil, Francisco Tomás da Apre, Paula Canotilho do Conselho Nacional da CGTP e Esmeralda Mateus do movimento dos bairros sociais do Porto.

Há um mês, a Via Esquerda organizou, no Porto, um debate sobre política e governação local à esquerda em que estiveram em discussão questões como a descentralização e a regionalização. Em Março, será a vez de, em Lisboa, debaterem política internacional.

Sugerir correcção
Comentar