Setúbal vai ter um parque aquático para actividades radicais

Parque temático de grandes dimensões prevê criação de lagos na Baixa de Santas, ao lado do Instituto Politécnico.

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Tequesquitengo [CC0], from Wikimedia Commons

Vai nascer um grande e singular parque temático na Baixa de Santas, junto ao Instituto Politécnico de Setúbal. O Wake Parque Setúbal é uma espécie de parque aquático, mas singular na Europa por se destinar principalmente a desportos radicais, sobretudo actividades aquáticas, com destaque para o wakeboard — um desporto que surgiu nos Estados Unidos, na década de 80, como alternativa ao surf, praticado com uma prancha tipo snowboard puxada através de um sistema eléctrico designado cable park, semelhante a um teleférico, em que um cabo puxa os praticantes.

Segundo o Estudo de Impacte Ambiental, que está agora em consulta pública, para a prática de wakeboard vão ser criados dois lagos, um de grandes dimensões, circular, para praticantes experientes e de competição, e um outro mais pequeno, para aprendizagem.

Entre as várias infra-estruturas, haverá também uma pista de kartings eléctricos, skate park, escalada, slide, BMX e paintball, 25 bungalows para estadias, parque para 17 autocaravanas, restaurante para 200 pessoas, café com esplanada e uma loja de equipamento desportivo.

O investimento de 2,4 milhões de euros, de empresários russos, tem como promotor a empresa Mir Veika, Lda, e o projecto indica a criação de 15 postos de trabalho.

Segundo o EIA, está prevista uma média de 300 utilizadores por dia na época alta, 190 na época média e 80 na baixa.

Dos quase 27 hectares de terreno abrangidos pelo projecto — da estrada da Estefanilha até às Praias do Sado, dez hectares de sapal ficarão protegidos, totalmente vedados, e separados dos 17 hectares de implantação das infra-estruturas e equipamentos. Na zona de separação das duas áreas serão erguidas duas torres, em madeira, para permitir que os visitantes do parque possam fazer observação das aves que ali se alimentam ou nidificam.

Apesar de o local ser uma zona baixa, atravessada pela ribeira de Santas, integrado quase na totalidade em área da Reserva Ecológica Nacional (REN) e da Reserva Agrícola Nacional (RAN), o EIA conclui que o projecto é “ambientalmente viável”.

“Espera-se ainda que os impactes positivos esperados, quer para a fase de construção, quer para a fase de exploração, assumam especial relevância e que se sobreponham sobremaneira aos impactes negativos”, lê-se no resumo não técnico que indica como positivo a “melhoria das característica demográficas e de povoamento da zona” com aumento das actividades económicas e do emprego. São apresentados ainda outros aspectos positivos, com destaque para a “melhoria da qualidade visual da paisagem” e a regeneração da Ribeira de Santas.

Haverá impactes negativos sobre a biodiversidade, mas “globalmente pouco significativos”: na flora é “pouco significativo” porque a movimentação de terras destrói coberto vegetal de “baixo valor ecológico” e na fauna é “moderadamente significativo” na zona específica de nidificação das aves perna-longa. Na geologia e morfologia haverá impactes “negativos e pouco significativos” e nos recursos hídricos, tanto superficiais como subterrâneos, “negativos e pouco significativos”.

Câmara arrenda terreno

O investimento já está aprovado pela Câmara de Setúbal, que assinou um protocolo com o promotor em Fevereiro de 2016. A autarquia celebrou com a empresa um contrato de arrendamento para fins não habitacionais, pelo prazo de 20 anos, destes terrenos que foram cedidos ao município pelo Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana (IHRU) há várias dezenas de anos.

No parecer que deu ao projecto, a câmara municipal considera boa a localização do empreendimento.

“Do ponto de vista do ordenamento do território a localização pretendida, a Herdade de Santas, parece-nos muito bem, pelas boas acessibilidades de que dispõe, pela proximidade ao centro da cidade de Setúbal e por ter uma envolvente natural e paisagística adequada à sua utilização”, refere o município.

Em declarações ao PÚBLICO, a presidente da autarquia disse que na fase de licenciamento municipal do projecto houve já um período de consulta pública, em que “ninguém participou”. Dores Meira assegura que a implantação do empreendimento não acarreta riscos ambientais e que mesmo os sobreiros existentes na área abrangida serão integrados. “Não haverá abate de sobreiros”, garante.

A autarca adianta existirem planos para a instalação futura, junto ao Wake Park Setúbal, de um outro projecto, um parque aquático tradicional, para “complementar a oferta para toda a família”.

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