Palacete Ribeiro da Cunha e Igreja da Tabaqueira são monumentos de interesse público

Direcção-Geral do Património Cultural classificou palacete neo-mourisco do Príncipe Real, em Lisboa, e igreja modernista de um bairro operário de Rio de Mouro.

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Palacete Ribeiro da Cunha PBC PEDRO CUNHA - PòBLICO
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Igreja do Bairro da Tabaqueira DR

O Palacete Ribeiro da Cunha, no Príncipe Real, em Lisboa, e a Igreja da Sagrada Família, em Rio de Mouro, no concelho de Sintra, foram classificados pela Direcção-Geral do Património Cultural como monumentos de interesse público, segundo duas portarias publicadas esta terça-feira em Dário da República. As duas novas classificações incluem o jardim do palacete e as obras de arte integradas na arquitectura da igreja.

O Palacete Ribeiro da Cunha, que marca com um gosto exótico a conhecida praça lisboeta, foi erguido entre 1877 e 1879 de acordo com um projecto assinado por Henrique Carlos Afonso. Mandado construir por José Ribeiro da Cunha, é o primeiro na capital a espelhar na arquitectura residencial este gosto revivalista de inspiração mourisca. “O exterior é deveras impactante, com os arcos de ferradura, as cúpulas bulbosas e a platibanda com merlões de recorte escalonado nas fachadas”, escreve a portaria do Diário da República.

A Igreja da Sagrada Família foi construída em 1965 por iniciativa da família Mello junto ao bairro operário da Tabaqueira, em Albarraque, com um projecto do arquitecto Jorge Viana. Seria uma das primeiras obras a concretizar o espírito do Concílio Vaticano II (1963), chamando a atenção para a relação entre os universos laboral e social. “O espaço ocupado pelos fiéis de geometria hexagonal rejeita o esquema organizativo longitudinal tradicional, optando por uma disposição dos bancos [...] mais próxima do altar”, aponta a portaria, exemplificando a renovação da arquitectura religiosa em resultado da acção do Secretariado das Novas Igrejas do Patriarcado e do concílio do Vaticano. No interior da igreja, há “um rico património integrado”, como azulejos de Lima de Freitas e Jorge Viana, um sacrário de Graziela Albino e estatuária de Maria do Carmo d’Orey e Graça Costa Cabral.

O Palacete Ribeiro da Cunha, tal como outros do Príncipe Real, espelha as “mudanças políticas, económicas e sociais registadas nos séculos XVIII e XIX, que contribuíram para um novo padrão de vida e hábitos urbanos, numa sociedade onde dominava uma burguesia comercial endinheirada". No interior da residência, “os vários pisos organizam-se em torno de um pátio”, encimado por uma clarabóia, decorado com elementos neo-mouriscos, num forte efeito cenográfico.

O Diário da República procedeu também à abertura da classificação do sítio arqueológico Termas dos Cássios, na freguesia lisboeta de Santa Maria Maior, e da Igreja e Mosteiro da Cartuxa de Santa Maria Vallis Misericordiae, em Oeiras. O primeiro é um balneário público romano do século I a.C., localizado no subsolo das imediações da Rua das Pedras Negras, em Lisboa, enquanto o monumento da Cartuxa se situa em Laveiras.

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