UNITA declara 2019 “ano de Savimbi”

Partido quer recordar o líder histórico no ano em que deve acontecer a trasladação do seu corpo.

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Jonas Savimbi Luis Ramos

A UNITA, o maior partido da oposição em Angola, declarou 2019 como “ano da consagração da memória” de Jonas Savimbi, o seu líder histórico morto em combate em 2002.

Segundo um comunicado emitido nesta quinta-feira, a decisão foi tomada na primeira reunião do ano do secretariado executivo do comité permanente da União Nacional para a Independência Total de Angola, que se realizou quarta-feira e foi presidida pelo presidente do partido, Isaías Samakuva. A decisão implementa uma resolução de Dezembro segundo a qual os anos devem passar a ser dedicados a um objectivo, programa ou acontecimento relevante na vida do partido, como já foi tradição. 

A decisão é também uma resposta a críticas feitas em Dezembro pelo Presidente angolano, João Lourenço, quando disse que o Governo está preparado para, “a qualquer momento”, exumar os restos mortais de Savimbi e trasladá-los para local escolhido pela família e partido. Falou, na altura, do “silêncio” e na hesitação da UNITA sobre o assunto.

“Estamos preparados para, a qualquer momento, depositar os restos mortais onde quiserem. Mas a UNITA pede-nos calma. Muitas famílias gostariam da ajuda do Estado para localizar, exumar e transladar os familiares [mortos na guerra civil angolana, entre 1975 e 2002], disse Lourenço em Dezembro. “A UNITA está a atrasar o processo”, acrescentou, explicando que num primeiro momento, em Setembro de 2017, Samakuva lhe pedira celeridade no processo.

A 15 de Dezembro desse ano, em declarações à Lusa, o porta-voz da UNITA, Alcides Sakala, indicou que os restos mortais de Jonas Savimbi, sepultado num local à guarda do Governo perto de Lucesse, na província do Moxico, onde foi morto durante a guerra civil, só seriam exumados em 2019. Alcides Sakala indicou então que estavam a decorrer discussões entre a UNITA e o Governo para a definição de um calendário e data para a operação.

Em Agosto de 2108, na sequência de nova reunião entre João Lourenço e Samakuva, o chefe de Estado angolano garantiu o “empenho pessoal” para que o processo de exumação dos restos mortais de Jonas Savimbi ficasse concluído nesse ano.

O líder histórico da UNITA nasceu a 3 de Agosto de 1934, no Munhango, a comuna fronteiriça entre as províncias do Bié e o Moxico, e foi morto em combate após uma perseguição das Forças Armadas Angolanas a 22 de Fevereiro de 2002, próximo de Lucusse, no Moxico.

A exumação dos restos mortais de Jonas Savimbi insere-se no quadro da “reconciliação nacional” promovida por João Lourenço – Governo e UNITA mantiveram uma guerra civil de 27 anos –, que já permitiu realizar idêntico processo, concluído com uma homenagem, ao mais alto nível, a um alto militar do exército do “Galo Negro”, o general Arlindo Chenda Pena “Ben Ben”, em Setembro.

“Ben Ben” foi comandante do antigo exército da UNITA, as Forças Armadas de Libertação de Angola (FALA), e, após a breve reconciliação concretizada em 1998, foi designado chefe adjunto das Forças Armadas Angolanas (FAA). Morreu de doença no mesmo ano. Os restos mortais de “Ben Ben” estavam sepultados num cemitério em Zandfontein, próximo de Pretória, na África do Sul.

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