Alemanha pondera contratar cidadãos da UE para as suas Forças Armadas

A falta de efectivos é um dos problemas de uma força militar em "péssimo" estado.

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A ministra da Defesa, Ursula von der Leyen, tem anunciado várias medidas mas os problemas nas Forças Armadas são estruturais VINCENT KESSLER/Reuters

O Exército alemão está a considerar recrutar especialistas de países da União Europeia para tarefas específicas, por exemplo na área da informática ou da medicina, disse o inspector-geral das Bundeswehr, Eberhard Zorn, numa entrevista aos jornais do grupo de media Funke. É “uma opção”, disse o responsável das Forças Armadas.

As Forças Armadas alemãs sofrem de subfinanciamento e de falta de material e pessoal especializado.

O comissário do Parlamento alemão para as Forças Armadas, Hans-Peter Bartels, comentou ao mesmo grupo de media que esta possibilidade não seria nada de extraordinário, argumentando que há já bastantes militares com dupla nacionalidade.

A ideia terá já sido abordada na União Europeia, onde não foi encarada com muito entusiasmo, dizem os jornais do grupo Funke. Vários países de Leste, especialmente a Bulgária, expressaram reservas, temendo que a medida levasse os seus jovens a emigrar para a Alemanha.

A ministra da Defesa, Ursula von der Leyen, disse numa entrevista ao jornal Rheinische Post que as Forças Armadas empregam actualmente 182 mil pessoas, um aumento de 6500 em dois anos, com um peso de 12% de mulheres.

As Forças Armadas querem conseguir mais 21 mil efectivos até 2025.

O Governo tem recorrido a várias medidas para tentar fazer aumentar o número de efectivos: admitiu no início do ano que as Forças Armadas estão a recrutar cada vez mais menores – 2128 recrutas, o triplo do número de 2011, quando o país acabou com o serviço militar obrigatório.

Para seguir em frente com a ideia de integrar cidadãos da UE em certas áreas especializadas, seria preciso alterar a lei que data do final da II Guerra Mundial, e que restringe a participação no Exército a cidadãos alemães. Depois da guerra, o país tentou mudar a tradição militar criando um exército baseado no conceito de “cidadãos em uniforme”.

A ideia terá já sido abordada na União Europeia, onde não foi encarada com muito entusiasmo, dizem os jornais do grupo de media Funke. Vários países de Leste, especialmente a Bulgária, expressaram reservas, temendo que a medida levasse os seus jovens a emigrar para a Alemanha.

O relatório anual do Parlamento, feito no início do ano, sobre o estado das Forças Armadas resumia: é “péssimo”. Submarinos, carros de combate e aviões estão muitas vezes avariados, o que impede os militares de cumprir as horas de treino necessárias. Até faltava material básico como tendas.

A falta ficou também evidente na última cimeira do G20, quando a chanceler, Angela Merkel, aterrou na Argentina num voo comercial, depois de falhas técnicas nos dois únicos aviões de longo curso.

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