Português morto à facada em Londres queria ser pugilista profissional

Os dois adolescentes suspeitos do roubo e homicídio de Wilham Mendes ficaram detidos num centro juvenil. Polícia procura mais dois suspeitos.

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Foto da página do Facebook do Ginásio Clube de Corroios

Wilham Mendes, o português de 25 anos que foi brutalmente esfaqueado até à morte em Tottenham, no Norte de Londres, na madrugada de sábado, foi para o Reino Unido em 2015 “atrás de um sonho, queria seguir a carreira de pugilista”, recorda o presidente do Ginásio Clube de Corroios, Miguel Godinho, onde o jovem aprendeu e treinou boxe durante cinco anos.

A polícia de Londres continua à procura de mais suspeitos do homicídio, depois de ter detido dois adolescentes que terão estado envolvidos no roubo e esfaqueamento do pugilista amador. Após o primeiro interrogatório judicial no Highbury Corner Youth Court, nesta quarta-feira, os dois suspeitos ficaram detidos num centro juvenil. Na sexta-feira vão ser presentes ao tribunal criminal central para determinação das medidas de coacção.

“Wilham um rapaz exemplar, um bom atleta, sempre disponível para ajudar no clube. Entrou no Ginásio Clube de Corroios através de um projecto de inclusão social chamado 'ringue das oportunidades', que ia aos bairros sociais com o objectivo de apoiar jovens de origens humildes. Estava a ter sucesso, mas, como em Portugal não há apoios estatais para a modalidade, decidiu ir para Londres”, conta Miguel Godinho, que diz ter-lhe perdido o rasto, entretanto.

O Governo português continua a não confirmar oficialmente a nacionalidade da vítima, porque as autoridades consulares ainda não foram formalmente avisadas, explica o assessor do secretário de Estado das Comunidades. O consulado português em Londres também não tinha sido, até esta quarta-feira à tarde, contactado por familiares ou amigos do jovem.

A polícia metropolitana continua a tentar perceber o que aconteceu, depois de ter detido os dois adolescentes no domingo. Wilham não terá sido a única vítima nessa noite em Albert Square, Tottenham, um dos bairros mais problemáticos de Londres. As autoridades procuram mais dois indivíduos suspeitos de terem participado no assalto ao pugilista, no roubo de outro homem e ainda na tentativa de roubo de uma terceira pessoa, segundo adiantou nesta quarta-feira o jornal The Guardian.

A secretaria de Estado das Comunidades Portuguesas continua à espera de um contacto oficial.  “Estão a decorrer perícias forenses. Há trâmites médico-legais para que o corpo possa ser libertado”, explica o assessor do secretário de Estado José Luís Carneiro.

O consulado português em Londres contactou telefonicamente a polícia metropolitana que adiantou que o jovem é de nacionalidade portuguesa, mas oficialmente não houve qualquer confirmação.

"Múltiplas facadas"

A polícia metropolitana explicou, em comunicado, que foi avisada às 1h20 da madrugada de sábado de um esfaqueamento em Albert Place. Encontrou Wilham com "múltiplas facadas". O jovem acabou por morrer menos de uma hora depois, num hospital do Leste de Londres para onde tinha sido transportado.

O comandante da polícia encarregado da investigação, Glen Lloyd, disse, citado pelo The Guardian, que, apesar das detenções, a investigação continua. "As primeiras informações recolhidas pela minha equipa estabeleceram a possibilidade de Wilham ter sido esfaqueado durante um assalto", adiantou, apelando para que quaisquer testemunhas contactem a polícia. "No centro da nossa investigação está a morte de um jovem inocente e promissor que foi brutalmente assassinado na rua", acrescentou.

O secretário de Estado das Comunidades Portuguesas manifestou na terça-feira disponibilidade  para prestar apoio consular à família do jovem, que "tudo levará a crer" fosse português. "O corpo está a aguardar pela realização de autópsia e o posto consular não foi, para já, contactado pela família. Contudo, transmitimos toda a disponibilidade para se, algum familiar requisitar ou solicitar esse apoio, nomeadamente para a trasladação do corpo, esse apoio será garantido", disse José Luís Carneiro à Lusa. O secretário de Estado explicou que por se tratar de um caso sob tutela judicial não há ainda dados definitivos.

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