Macron recebe sindicatos, patrões e autarcas e fala ao país nesta segunda-feira

Chefe da diplomacia diz que "chegou a hora dos territórios" . Numa entrevista, o ministro também pediu a Donald Trump para não se meter nos assuntos internos de França.

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Emmanuel Macron,Emmanuel Macron MARCOS BRINDICCI/Reuters,MARCOS BRINDICCI/Reuters
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Os tapumes que protegeram as lojas no centro de Paris no sábado começaram a ser retirados IAN LANGSDON/EPA

Emmanuel Macron recebe nesta segunda-feira representantes dos sindicatos, do patronato, dos autarcas e dos partidos para encontrar respostas para a contestação social em França protagonizada pelo movimento popular Coletes Amarelos. Perante “o momento grave que a nação vive”, o Presidente francês quer “ouvir as suas vozes e propostas com a ideia de os mobilizar para acção”, disse uma fonte do Eliseu citada pela Reuters.

Após estas consultas, às oito da noite, Macron fala ao país, disse o Palácio do Eliseu. Vai anunciar “medidas concretas” e “imediatas” para dar resposta a esta crise, disse a ministra do Trabalho, Muriel Pénicaud, citada pelo jornal Le Monde.

A ministra adiantou que vai começar a ser organizado o debate sobre os territórios. “Um debate como este nunca foi feito, onde estarão os eleitores locais, os patrões, os sindicatos, as associações de cidadãos”.

“Não se reforma o país apenas a partir de cima. Essa não é a característica deste mandato. Chegou a hora dos territórios”, afirmou o ministro dos Negócios Estrangeiros, Jean-Yves Le Drian, numa entrevista à RTL e ao jornal Le Figaro.

O ministro adiantou que a esperada intervenção pública de Emmanuel Macron deve pôr fim a “esta deriva”, ou seja aos protestos.

“Penso que a proposta [do Presidente] é suficientemente forte para parar [os “coletes”], ou pelo menos para dissuadir os casseurs [desordeiros]. Espero que se abra o diálogo”, disse o ministro, defendendo “um novo pacto social” em França.

Não se meta

Na mesma entrevista, Jean-Yves Le Drian pediu ao Presidente dos Estados Unidos para não se meter nos assuntos internos de França, depois de Donald Trump ter comentadocriticado o movimento Coletes Amarelos.

“Digo a Donald Trump e o Presidente da República diz-lhe também: nós não participamos nos debates norte-americanos, deixem-nos viver a nossa vida”, disse Le Drian ao ser questionado sobre as mensagens de Trump no Twitter.

No sábado, dia da quarta jornada de protestos do movimento que luta contra o empobrecimento da classe média baixa e contra o desinvestimento no interior e nas suas pequenas e médias cidades, Trump criticou o Acordo de Paris sobre o clima considerando que a revolta dos “coletes amarelos” é a prova de que o pacto “não funciona”. A revolta eclodiu com o anúncio de uma taxa adicional sobre os combustíveis, para financiar medidas ambientais — Macron recuou já no imposto —, mas na génese da revolta estão problemas mais abrangentes.

Na generalização de Trump, os “coletes” não querem pagar o preço do Acordo de Paris. “Talvez seja altura de pôr fim ao acordo, ridículo e extremamente caro, e de dar o dinheiro às pessoas reduzindo os impostos”, escreveu no Twitter. “O acordo de Paris não funciona assim tão bem para Paris. Manifestações e tumultos por toda a França. As pessoas não querem pagar muito dinheiro aos países subdesenvolvidos, com o objectivo de talvez proteger o ambiente”.

“A política interna americana não é preocupação nossa e queremos que isso seja recíproco”, concluiu Le Drian. 

agferreira@publico.pt

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