Greve dos comboios: IP garante "ligações a 100%", CP admite supressões e sindicatos falam em "forte adesão"

As greves de 24 horas dos trabalhadores ferroviários, que se iniciaram às 00h00 desta sexta-feira, vão afectar a circulação de comboios em todo o país, não havendo serviços mínimos ou transportes alternativos.

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paulo pimenta

Na hora do balanço da greve o resultado é a habitual guerra de números. A CP (Comboios de Portugal) admite que até às 8 horas a greve de 24 horas está a afectar a circulação e que apenas se realizaram 58 ligações urbanas em Lisboa e 21 no Porto, e 89 a nível nacional. 

Tanto a porta-voz da CP, Ana Portela, como José Manuel Oliveira - da Federação dos Sindicatos dos Transportes e Comunicações (FECTRANS) - disseram à agência Lusa que a greve do sector ferroviário está a ter uma "forte adesão", mas "ainda é cedo para ter dados concretos".

Já a Infraestruturas de Portugal (IP) tem contas diferentes. A empresa garante que as ligações com destino a Sintra, Cascais e Setúbal estão a fazer-se a 100%, apesar da greve. Esta informação foi enviada pela IP às redacções através de comunicado, que adiantou ainda estarem a asseguradas os comboios de mercadorias.

Em comunicado, a IP adianta que “relativamente aos comboios urbanos de Lisboa, estão a ser asseguradas 100% das circulações para as ligações com destino a Sintra, Meleças, Castanheira e Cascais, assim como entre o Barreiro e Praias do Sado”. “Estão também asseguradas a 100%, as circulações das ligações a Setúbal e Coina e garantidas cerca de 25% das ligações de Sintra com destino Alverca e Oriente”. Na mesma nota, a IP indica também que no Porto estão ser garantidos todos os comboios urbanos com destino a Braga, Guimarães, Penafiel e Caíde bem como todos os comboios de mercadorias incluídos nos serviços mínimos de segurança.

No que diz respeito à circulação, o sindicalista José Manuel Oliveira garante que os comboios de longo curso e regionais foram suprimidos e que apenas se realizaram alguns urbanos. "Estou em Santa Apolónia [Lisboa] e aqui as bilheteiras estão encerradas e nos placards informativos a palavra normal é 'suprimido'. Os serviços comerciais da CP estão encerrados e a indicação que temos é de que este vai ser o cenário o resto do dia", concluiu.

Já Ana Portela, porta-voz da CP, explica que “todos estes comboios foram suprimidos por uma questão de gestão da circulação da Infraestruturas de Portugal (IP) e não por falta de pessoal da CP”, sublinhando que a IP tem o comando da circulação ferroviária.

De acordo com a IP, “está a ser assegurada a actividade do centro de controlo de tráfego, que promove todas as informações associadas ao tráfego rodoviário e a actividade das unidades móveis, que patrulham diariamente as estradas e prestam assistência aos automobilistas”.

Greve durante toda a sexta-feira

As greves de 24 horas dos trabalhadores ferroviários, que se iniciaram às 00h00 desta sexta-feira, vão afectar a circulação de comboios em todo o país, não havendo serviços mínimos ou transportes alternativos.

O protesto de trabalhadores da CP-Comboios de Portugal, Infraestruturas de Portugal (IP) e Empresa de Manutenção de Equipamento Ferroviário (EMEF) visa reivindicar a aplicação dos acordos assinados com o Governo e administrações das empresas.

“Esta é uma luta de todos a partir de processos distintos que estão perante o mesmo bloqueio do Governo e o que se exige é que haja negociação séria e construtiva”, segundo a Federação dos Sindicatos de Transportes e Comunicações (FECTRANS).

Em tribunal arbitral nomeado pelo Conselho Económico e Social (CES) foi decidido que não haveria serviços mínimos, além dos definidos por lei, ou seja circulam até ao seu destino os comboios em marcha à hora do início da greve, os comboios socorro e os de transporte de mercadorias perigosas. Não estão disponibilizados transportes alternativos, nem serviços mínimos porque trata-se de uma greve de "curta duração, de um dia apenas", diz o acórdão do Tribunal Arbitral nomeado pelo CES.

Na quarta-feira, o ministro do Planeamento e das Infraestruturas, Pedro Marques, manifestou, em Bragança, a disponibilidade do Governo para negociar com os ferroviários.

“Isso faz muito pouco sentido, uma vez que estamos a meio de processos negociais, quer na CP, quer na IP e, em particular na IP, onde os sindicatos também decidiriam decretar esta greve, temos aliás os processos negociais bastante avançados”, afirmou o governante, à margem do anúncio do novo concurso público para a carreira área Bragança/Vila Real/Viseu/Tires/Portimão.

O ministro reconheceu que os processos negociais estão “numa fase sempre difícil, de revisão dos acordos de empresa”, todavia afiançou que “não é nada verdade” que o Governo não esteja disponível para negociar. “Antes pelo contrário”, vincou.

A CP alertou, na terça-feira, para “fortes perturbações” na circulação de comboios, devido à greve, prevendo supressões a nível nacional em todos os serviços. Inclui comboios Alfa Pendular, Intercidades, InterRegional, Regional e Celta.

Também a Fertagus, que opera o comboio na ponte 25 de Abril, alertou que devido à greve na empresa gestora de infra-estrutura ferroviária (IP) e, sem definição de serviços mínimos, “encontram-se previstas perturbações na circulação de comboios entre as 0h e as 24h do dia 8 de Dezembro de 2018”.

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