Giorgio deu a volta ao mundo sem sair da América Latina

©Giorgio Negro
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Giorgio Negro foi delegado do Comité Internacional da Cruz Vermelha durante 23 anos, entre 1995 e 2017.  “O meu trabalho conduziu-me a muitos países que atravessavam situação de guerra ou de conflito interno”, contou em entrevista ao P3 por email. Colômbia, Peru, México, Brasil, Guatemala, Honduras, El Salvador, Haiti e Equador foram alguns dos territórios por onde passou e onde testemunhou situações de caos social e observou um elevado grau de violência. “Por vezes, as minhas missões eram muito longas — podiam durar um ano ou mais; por esse motivo, desenvolvi uma espécie de relacionamento íntimo e profundo com as pessoas desses países e com a sua cultura. Tive oportunidade de encontrar nelas características que se esforçam por esconder. Posso dizer que aprendi a amar a América Latina.” 

Mas não é um amor cego aquele que sente. Respeita o que de bom e de mau é inerente à cultura vigente — que crê ser semelhante em todos os países do continente americano onde se fala português ou espanhol. “É uma cultura de contrastes”, observa. “A vida e a morte, a melancolia e a alegria, a pobreza profunda e a opulência berrante, a violência crua e a ternura profunda, a submissão e a revolta, a bonança e a desventura, o choro e o riso coexistem no quotidiano dos latino-americanos e vivem intimamente emaranhadas. De tal modo que é, por vezes, difícil distinguir entre dois opostos. É esse branco e negro que me fascina.”

O fotógrafo de 59 anos deu início ao registo fotográfico das suas viagens de uma forma mais consciente em 2005, o ano em que participou num workshop orientado pelo multipremiado fotógrafo italiano Ernesto Bazan. Antes disso, tirava "fotografias durante as férias, as típicas fotos de turista”. Depois do curso decidiu aprofundar os seus conhecimentos na área da fotografia de rua e de reportagem. “Tirei um ano sabático para me dedicar exclusivamente à aprendizagem da fotografia”, sublinha. Dedica, desde 2012, em média, um ou dois meses por ano ao registo da realidade “das ruas” dos países da América Latina. “Numa fotografia normalmente procuro um rasgo de empatia com o sujeito”, descreve. “É muito difícil explicar o processo, uma vez que é totalmente instintivo e não racional.” Admite usar a razão quando define as margens da imagem, quando adopta um ângulo em particular. Tudo o resto é instinto e uma "atracção pela ambiguidade”, afirma. Uma boa imagem, para Giorgio Negro, deve ser capaz de produzir, além de sensação, sentimento. Isto porque também o acto de fotografar nasce de algo indizível. “Nunca foi a minha prioridade fotografar pessoas e locais. Sempre procurei (e raramente consegui) penetrar no mundo íntimo das pessoas, de animais e coisas. Tenho vivido um processo de descoberta de mim próprio através da observação do mundo que me rodeia.”

As imagens de Giorgio foram registadas em cinco países: México, Brasil, Peru, Equador, Cuba. Mais podem ser vistas através da sua jovem conta de Instagram.

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