Tancos, ansiedades e uma crise política? Marques Mendes elogia Marcelo

Para o comentador político, há “um pequeno atrito” entre Belém e São Bento.

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Marques Mendes elogia a postura de Marcelo e tece algumas críticas a Costa Nelson Garrido

O comentador político Marques Mendes mostrou reservas quanto às considerações do primeiro-ministro acerca das maiores e das menores ansiedades do Presidente da República e do Governo em relação ao caso de Tancos, demonstrando ter dúvidas de que tenham sido “propriamente um momento feliz do primeiro-ministro”. Já Marcelo Rebelo de Sousa, na “modesta opinião” de Marques Mendes, teve “desde início a postura correcta” e revelou “coerência” por ter defendido sempre que se investigasse tudo acerca do roubo e recuperação das armas daqueles paióis militares.

Aos microfones da TSF, Marques Mendes, que é também conselheiro de Estado, desvalorizou, no entanto, as palavras de Costa sobre as ansiedades de Belém e de São Bento, até para não se “desviar as atenções” do “essencial”.

O antigo líder do PSD considera mesmo que interessa a “algumas pessoas e alguns sectores” criar uma “certa cortina de fumo” e criar “um conflito”. Mas o “essencial”, defende, é saber “quem furtou o material”, se “houve uma acção de encobrimento”, “porquê”, “quem fez” algo de “uma gravidade enorme” como “encobrir um crime”, e “quem são os cúmplices”.

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Marques Mendes não considera, no entanto, que exista qualquer conflito entre a Presidência e o Governo, “e muito menos um conflito aberto”. Essa ideia é um "exagero", disse.

“Há um pequeno atrito porque há uma visão diferente”, disse o ex-presidente do PSD. E aproveitou para, entre outros argumentos, considerar que essa “visão diferente” se pode explicar também pela “postura", por vezes, "um bocadinho desvalorizadora” do Governo, enquanto Marcelo considerou que “o assunto é grave” e foi “sempre muito insistente nesta ideia”: “investigar, investigar, investigar”.

Para Marques Mendes, tem de se descobrir “tudo”, até porque há “pessoas no plano político e militar” que não estão “interessadas em descobrir a verdade”.

Na segunda-feira, António Costa falou sobre o caso de Tancos e, entre outras considerações, disse que o Presidente da República “não se tem cansado de expressar publicamente a sua ansiedade e o Governo, naturalmente, deve ser mais contido em expressar a sua ansiedade, mas não é menor”: “Acho que ninguém compreenderia em Portugal é que, relativamente a este crime, não se chegasse ao final da investigação punindo quem deve ser punido e esclarecendo tudo o que deve ser esclarecido.”

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