Marcelo entre "generais no Verão e soldados no Inverno"

Presidente da República foi a Porto Santo defender que não é preciso uma ideia nova para Portugal. "é a ideia de sempre", disse.

Marcelo Rebelo de Sousa não escapou às selfies
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Marcelo Rebelo de Sousa não escapou às selfies LUSA/HOMEM DE GOUVEIA
Marcelo deslocou-se a pé em contacto com a população
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Marcelo deslocou-se a pé em contacto com a população LUSA/HOMEM DE GOUVEIA
Presidente assistiu a uma missa na igreja matriz
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Presidente assistiu a uma missa na igreja matriz LUSA/HOMEM DE GOUVEIA

Entre porto-santenses que se sentem "generais no Verão e soldados no Inverno", o Presidente da República comemorou os 600 anos da descoberta da ilha do Porto Santo e defendeu que Portugal deve ser uma "plataforma entre culturas e civilizações".

"Quando se pergunta qual é a ideia para Portugal, hoje, pergunta-se o óbvio. É a ideia de sempre, não precisamos de andar à busca de uma ideia nova para Portugal. Ela existe desde que Portugal se fez, atravessou os mares e partiu para todo o mundo", disse Marcelo Rebelo de Sousa, no discurso  da cerimónia que se iniciou esta quinta-feira de manhã.

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Muita gente acorreu a ver o Presidente nas comemorações dos 600 anos da descoberta de Porto Santo

O Presidente deslocou-se a pé, entre a igreja matriz e o cais da cidade Vila Baleira, onde dicursou depois de ter inaugurado a estátua do infante D. Henrique, e manteve-se sempre em contacto com a população, ouvindo queixas (nomeadamente sobre as ligações aéreas) e tomando notas dos problemas. "Estou sempre muito atento", afirmou.

Alguns comerciantes e elementos do movimento "Somos Porto Santo", aproveitaram a ocasião para alertar Marcelo para os problemas do isolamento, da dupla insularidade, da mobilidade marítima e aérea, dos preços e da sazonalidade. "Somos generais no Verão e soldados no Inverno", desabafou o comerciante Luís Betencourt.

Dificuldades de relacionamento

Quando discursou, Marcelo Rebelo de Sousa respondeu em concreto à intervenção, no mesmo local, do presidente do Governo Regional, Miguel Albuquerque, que sublinhou as dificuldades de relacionamento entre a Região Autónoma da Madeira e a República.

"Seis séculos foram um contributo único para a humanidade e para a afirmação de Portugal, mas ao mesmo tempo é preciso ir mais longe", disse o Presidente da República. "É preciso desbravar aqueles mares que estão por desbravar, é preciso aproximar quem é preciso aproximar, é preciso redescobrir formas de construir mais desenvolvimento, mais justiça, mais equidade, mais coesão."

Marcelo Rebelo de Sousa disse, ainda, que este processo deve ser construído todos os dias na base da compreensão e do diálogo, ouvindo o que cada qual tem para dizer e afirmando esse diálogo na base da riqueza própria de uma sociedade democrática.

"O mundo não seria o mesmo se não tem havido esta saga, esta gesta que por aqui começou", disse, considerando que isto deve ser sempre tido em conta quando, actualmente, se redescobre a importância do diálogo, da tolerância, do respeito da dignidade da pessoa humana, da diversidade, do contacto e do convívio entre culturas e civilizações.

"Começou aqui. Começou aqui, nesta ilha. Começou aqui nesta região autónoma. Começou aqui nesta realidade sem a qual Portugal não seria o mesmo Portugal", reforçou.

O Presidente da República vincou que a descoberta da ilha, no arquipélago da Madeira, assinalou o começo da definição da "estratégia nacional" de transformar o país numa "plataforma entre culturas e civilizações, oceanos e continentes".

"É essa a ideia para Portugal, não é outra. Depois, o resto - os regimes políticos, os regimes económicos, os regimes sociais - são obviamente importantes, mas o mais importante é essa ideia", disse, repetindo que tudo começou no Porto Santo.

Já no Funchal, na sexta-feira, o Presidente reúne-se com os partidos políticos para os ouvir sobre a melhor data das eleições regionais do próximo ano.

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