PS critica “falta de estratégia” na câmara de Aveiro

Oposição votou contra as Grandes Opções do Plano e Orçamento. Ribau Esteves acusou os socialistas de recorrerem à “mentira”.

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PAULO RICCA / PUBLICO

Os eleitos pelo Partido Socialista (PS) na câmara municipal de Aveiro criticam aquilo que consideram ser “a falta de estratégia” da maioria PSD-CDS/PP-PPM, liderada por Ribau Esteves, e traçam um cenário de um município “à deriva”. Os três vereadores da oposição votaram contra, esta quarta-feira, as Grandes Opções do Plano (GOP) e Orçamento para 2019 – o documento acabou por passar com os votos favoráveis da maioria -, deixando ainda reparos sobre o facto de vários projectos passarem “de ano para ano”. O líder da autarquia acusou-os de recorrem à “mentira” e de “falta de seriedade”. Ribau Esteves ameaçou, mesmo, que poderá “deixar de estar disponível para debater com gente que recorre sistematicamente à mentira”.

João Sousa, um dos três eleitos socialistas que integra o executivo, não gostou da ameaça, acusando o autarca aveirense de pretender “governar a câmara sozinho e de preferência sem oposição”. “Esta situação de governar sozinho era antes do 25 de Abril, agora não é assim”, retorquiu durante o debate que antecedeu a votação das GOP e em reacção à resposta de Ribau Esteves às intervenções da oposição.

Os socialistas apontaram a falta de “uma estratégia que dê resposta aquilo que se pretende para o médio e longo prazo no conjunto município”, deixando a nota de que Aveiro se apresenta como “um município um bocadinho à deriva”. “Sem PDM (Plano Director Municipal), mas prometemos obras e equipamentos avulsos; sem Carta Educativa, mas andamos a investir nas escolas; sem plano para a cultura, mas somos candidatos à Capital Europeia da Cultura; sem planos de transportes para a mobilidade, mas concessionamos, prometemos autocarros, moliceiros e ferries eléctricos e bicicletas de segunda geração (...)”, criticou Manuel Sousa.

Além destes reparos, uma das questões que suscitou maior discussão no debate das GOP, realizada em reunião extraordinária, prende-se com a nova redução da taxa do IMI, anunciada por Ribau Esteves, na passada segunda-feira. Os vereadores do PS atribuíram a responsabilidade dessa conquista à lei do Orçamento do Estado, contudo, e segundo realçou o líder da autarquia, tal descida só é possível “porque a gestão financeira da câmara o permite” e também em virtude “da revisão do PAM”.

O leque de acusações deixado pelo PS incidiu ainda sobre o “empurrar para a frente” das opções do plano. “O próprio índice vem decalcado do (documento) de 2018”, acusou o vereador Manuel de Oliveira Sousa. “A Carta Educativa aparece mas já vem de 2017, 2018”, especificou, deixando ainda outros exemplos de projectos que têm vindo a repetir-se nos últimos planos de actividade da autarquia. Ribau Esteves respondeu a esta crítica lembrando as dificuldades impostas pela situação financeira da câmara. “Existia um conjunto de objectivos políticos que tínhamos, e a esmagadora maioria continuamos a ter, e não o podíamos cumprir porque a situação financeira não o permitia”, argumentou, acrescentando: “Só em Janeiro de 2017 é que começámos a ganhar autonomia plena”.

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