Uma casa burguesa com vida nova

Publicamos, mensalmente, um projecto de arquitectura e de decoração de interiores com exemplos de como aproveitar da melhor forma o pouco espaço disponível numa habitação. Bem-vindos às Casas XS. Uma curadoria do blogue Alexandra Matos Design

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Frederico Martinho

Esta obra faz parte de um conjunto de três edifícios que foram reabilitados para o mesmo cliente. “Embora fosse claro de que o fim seria habitação, não havia à partida uma tipologia definida para cada edifício, dando-nos a liberdade de estudar a opção mais adequada a cada caso", lembram os arquitectos do gabinete Figueiredo+Pena. "Este edifício, apesar de pequeno, tinha tido na sua última ocupação uma loja uma passagem para o interior de quarteirão e, nos pisos superiores, dois apartamentos de áreas muito reduzidas. Pareceu-nos que, pela largura reduzida e pela hipótese de usufruto de um pequeno jardim, o mais digno seria a habitação unifamiliar, hipótese com que o cliente concordou.”

O interior do edifício estava em ruína, já sem telhado e com a estrutura interior (em madeira) em estado irrecuperável. A fachada para o jardim estava totalmente desvirtuada por uma anterior intervenção de betão.

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Frederico Martinho

Contudo, explicam os arquitectos do atelier Figueiredo+Pena, “uma vez que a fachada principal estava em bom estado e perfeitamente integrada na cidade, foi daí que o projecto partiu". "Esta fachada é em si uma variação de um tipo muito comum na cidade do Porto, que aqui aparece comprimido. A nossa abordagem seguiu essa ideia. A distribuição interior é a tradicional das casas burguesas portuenses (uma escada central iluminada por uma clarabóia e um compartimento para cada fachada), mas também condensada, como podemos ver, por exemplo, na forma da escada. A estrutura dos pisos é em madeira e foi deixada visível, substituindo-se ao papel decorativo dos típicos tectos em estuque trabalhado. Por outro lado, a direcção destas vigas, perpendicular à direcção da casa, faz-nos sentir que o espaço é mais largo do que na realidade. Os materiais de acabamento seguem um certo sabor familiar, com prevalência dos pavimentos em soalho e das madeiras pintadas.”

No piso de entrada temos o acesso ao primeiro piso e aos arrumos e espaços técnicos. No primeiro piso temos a cozinha e a sala, com acesso ao jardim, enquanto os dois quartos ficam no segundo piso, havendo ainda um escritório no último andar.

Numa perspectiva de aproveitamento do espaço, para além da escada helicoidal dos dois pisos superiores, de que já falámos, é de destacar “o primeiro lanço de escadas também é peculiar na sua relação com a cozinha". Na verdade, quando percorremos esta escada estamos em parte a passar dentro da bancada de cozinha.

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