Jerónimos e Museu Nacional de Arqueologia com bilheteiras automáticas a partir de Novembro

Medida é para estender a todos os museus, palácios e monumentos tutelados pela Direcção-Geral do Património Cultural. Torre de Belém, mosteiros de Batalha e de Alcobaça e Convento de Cristo serão os próximos.

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O Mosteiro dos Jerónimos recebeu mais de um milhão de visitantes em 2017 DANIEL ROCHA

Questionada sobre a greve iniciada esta quinta-feira pelos funcionários do Mosteiro dos Jerónimos, Museu Nacional de Arqueologia (MNA) e Torre de Belém, a directora-geral do Património Cultural, Paula Silva, revelou que o Mosteiro dos Jerónimos e o Museu Nacional de Arqueologia (MNA), em Lisboa, terão bilheteiras automáticas a funcionar a partir de Novembro, libertando, assim, trabalhadores para outras funções.

Paula Silva revelou a medida à agência Lusa e à Antena 1, à margem da conferência Património Cultural Desafios XXI, que decorre na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa. "Estamos a tomar medidas que contrariam e tentam resolver muitas das questões que são colocadas nesta greve, mas são demoradas a implementar", disse a directora-geral.

Os funcionários daqueles três espaços culturais encetaram quatro dias de greve, que afecta sobretudo a hora de abertura, em protesto pela falta de condições de trabalho, nomeadamente falhas na limpeza e na condições sanitárias, atrasos no pagamento de trabalho suplementar, impedimento de gozo de descanso e alteração de período de férias.

Paula Silva explicou que alguns dos funcionários que trabalham como assistentes de bilheteira, e que actualmente estão sujeitos a uma "pressão enorme" devido às "filas imensas de pessoas", poderão passar a ter outras funções, nomeadamente de vigilância, depois da entrada em funcionamento da bilhética automática. "Estamos a fazer uma mudança de pensamento e espero bem que os trabalhadores fiquem menos sobrecarregados." 

A partir de Novembro, entrarão em funcionamento as bilheteiras automáticas no Mosteiro dos Jerónimos e no MNA e, posteriormente, na Torre de Belém, nos mosteiros da Batalha e de Alcobaça, e no Convento de Cristo, em Tomar. Para já, serão colocadas cinco máquinas de venda de bilhetes na entrada do MNA que se destinam também ao Mosteiro dos Jerónimos, já que partilham espaços na zona de Belém, mas a Direcção-Geral do Património Cultural (DGPC) já terá adquirido mais equipamentos para poder estender o sistema, que com o tempo abarcará "todos os museus, palácios e monumentos da DGPC". "Esta é a experiência-piloto, mas também a mais importante, porque é onde circula mais dinheiro", disse Paula Silva.

Questionada sobre a possibilidade de contratação de mais assistentes técnicos para a DGPC, Paula Silva remeteu o assunto para a tutela: "A nova senhora ministra [Graça Fonseca] tem isso na sua agenda como um dos pontos mais importantes e provavelmente irá dar informação muito proximamente sobre esse assunto."

Outra das razões da paralisação dos trabalhadores relaciona-se com falta de condições sanitárias, com a presença de ratos nas instalações, um caso que Paula Silva circunscreveu à Torre de Belém, "um monumento muito pequeno situado dentro do rio, que tem alguns constrangimentos de animais que circulam e é muito difícil de controlar". Segundo a responsável, a DGPC tem um "contrato com uma empresa e tem feito regularmente as desinfestações, e por vezes é preciso fazer desinfestações extra".

De acordo com o relatório de actividades da DGPC referente a 2017, no ano passado o Mosteiro dos Jerónimos recebeu mais de um milhão de visitantes (1.080.902), enquanto o Museu Nacional de Arqueologia, que funciona numa das alas deste mosteiro, contou com 167.634 entradas. Em 2017, a Torre de Belém teve 575.875 visitantes.

Paula Silva falava no primeiro dia da conferência de dois dias Património Cultural Desafios XXI, organizada pela DGPC, e que considera "um momento alto do Ano Europeu do Património Cultural", com a presença de vários estudiosos, especialistas e personalidades ligadas ao património.

"O Ano Europeu do Património Cultural é um momento marcante em que a Europa decide falar de Património, mas deverá ser o primeiro ano em que a Cultura é posta como um dos pilares de desenvolvimento da Europa e o reconhecimento da identidade europeia e isso é muitíssimo importante e tem de ser falado e discutido", disse.

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