Sánchez vaiado e insultado durante as comemorações do Dia da Hispanidade

Presidente do Governo de Espanha enfrentou primeira manifestação expressiva de insatisfação popular do seu mandato durante as celebrações do Dia Nacional de Espanha. Em Madrid houve quem pedisse eleições.

Fotogaleria

Quatro meses volvidos do derrube do Governo de Mariano Rajoy, através de uma moção de censura no Parlamento espanhol liderada pelo PSOE, e numa altura em que negoceia o espinhoso Orçamento do Estado para 2019, Pedro Sánchez começa a ver a sua legitimidade colocada em causa nas ruas. Nas celebrações desta sexta-feira, em Madrid, do Dia da Hispanidade – o seu primeiro desde que assumiu o cargo de presidente do executivo –, o dirigente socialista foi assobiado e insultado por milhares de pessoas que se juntaram para assistir ao desfile militar. E entre as vaias e as provocações, escutaram-se pedidos de convocação de novas eleições. 

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

Quatro meses volvidos do derrube do Governo de Mariano Rajoy, através de uma moção de censura no Parlamento espanhol liderada pelo PSOE, e numa altura em que negoceia o espinhoso Orçamento do Estado para 2019, Pedro Sánchez começa a ver a sua legitimidade colocada em causa nas ruas. Nas celebrações desta sexta-feira, em Madrid, do Dia da Hispanidade – o seu primeiro desde que assumiu o cargo de presidente do executivo –, o dirigente socialista foi assobiado e insultado por milhares de pessoas que se juntaram para assistir ao desfile militar. E entre as vaias e as provocações, escutaram-se pedidos de convocação de novas eleições. 

Os protestos começaram mal o líder do Governo saiu do carro e prolongaram-se durante o trajecto que percorreu entre o Paseo de la Castellana e a Plaza de Lima. Os manifestantes gritaram “fora”, acusaram-no de ser um “ocupa” e exigiram “eleições já”.

O tom das críticas voltou a subir quando Sánchez se juntou aos restantes membros do executivo na tribuna montada para assistir ao evento e atingiu o seu auge quando todos os elementos do Governo abandonaram o cenário depois de terminado o desfile.

Durante todo esse tempo o socialista manteve-se impávido e sereno. No final, em conversa informal com os jornalistas, desvalorizou os protestos e recordou outros presidentes socialistas igualmente criticados durante as comemorações da festa nacional espanhola: “Não serei menos do que [Felipe] González e [José Luis] Zapatero”.

Os apupos dirigidos ao presidente do Governo contrastaram com a recepção calorosa a Felipe VI e à família real, por aqueles que enfrentaram a chuva para assistir ao vivo às celebrações do dia 12 de Outubro.

Entre os convidados para o desfile encontravam-se Pablo Casado e Alberto Rivera, líderes do PP e do Cidadãos, respectivamente. O dirigente popular também comentou com os jornalistas os insultos a Pedro Sánchez, assegurando não ter ficado contente com os mesmos, mas mostrando compreensão com a insatisfação popular. “Não é agradável que se vaiem as instituições. [Mas] por outro lado, as pessoas estão muito zangadas”, afirmou Casado, citado pela agência Efe.

Recorde-se que para derrubar Rajoy e chegar ao poder, o PSOE contou com o apoio inédito de partidos historicamente adversários dos socialistas, como o Podemos, os independentistas catalães ou os nacionalistas bascos. É agora com estes partidos, movidos por programas e ideologias divergentes do Governo, que Sánchez procura chegar a acordo para a aprovação do Orçamento no Congresso dos Deputados.

Os principais ausentes das celebrações do Dia da Hispanidade foram Pablo Iglesias, do Podemos, e os presidentes dos governos autonómicos da Catalunha, País Basco, Navarra e Baleares. Quim Torra, Iñigo Urkullu e Uxue Barkos rejeitaram o convite, ao passo que Francina Armengol foi obrigada a permanecer em Maiorca, a acompanhar de perto as missões de salvamento das autoridades locais às cheias da passada terça-feira.

O desfile deste ano contou com a participação de 4 mil soldados e 152 veículos militares. Depois da parada, a família real recebeu dirigentes e representantes dos vários sectores do Estado espanhol no Palácio Real.

Constitucionalismo catalão mobiliza-se

O Dia da Hispanidade na Catalunha também foi comemorado com pompa e circunstância em Barcelona, mas por iniciativa popular. Milhares de pessoas saíram esta sexta-feira à rua com bandeiras de Espanha, da Catalunha e da União Europeia, e desfilaram entre o Passeig de Gràcia e a Plaza de Catalunya.

Numa clara demonstração de força do constitucionalismo catalão, os manifestantes gritaram frases como “Somos espanhóis e somos catalães”, “Viva a Catalunha, viva a Espanha”, “A Catalunha é de todos” e “Puigdemont para a prisão” e gritaram em apoio à monarquia espanhola e a Felipe VI – que na véspera fora censurado pelo parlamento catalão, que aprovou uma resolução de condenação da postura assumida pelo monarca depois do referendo secessionista do dia 1 de Outubro do ano passado.

Foto
Espanholistas juntaram-se em Barcelona e protestaram contra Puigdemont e Torra EPA/ QUIQUE GARCIA

Segundo a Guardia Urbana, marcharam pela cidade condal cerca de 65 mil pessoas. Os organizadores da manifestação garantem, no entanto, que o número de participantes superou os 300 mil. Cifras distintas que não impedem, porém, o jornal La Vanguardia de assegurar que a edição deste ano das celebrações do Dia Nacional de Espanha foi a mais concorrida em Barcelona.

Inés Arrimadas, líder dos Cidadãos na Catalunha, e Xavier García Albiol, do PP, foram alguns dos políticos constitucionalistas que se juntaram às marchas desta sexta-feira.