O que é que o Turco Mecânico tem a ver com o fim da democracia?

Coisas que andamos a ler, a ouvir, a ver em cada semana, dos filmes às exposições, dos artigos de revistas aos podcasts ou ao que mais nos passar pela cabeça.

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Bettmann Archive/getty images

Do Salão Terra Madre, da Slow Food, em Turim, trouxe o livro Schermo Piatto — Il Cinema interpreta il cibo, de Antonio Attorre, sobre as relações entre cinema e comida — desde as alucinações da fome n’ A Quimera do Ouro de Chaplin até ao Paraíso do Gelado onde o João de Deus de João César Monteiro (A Comédia de Deus) se propõe vender gelados perfeitos, cada um com um perfume só seu, todos eles diferentes do anterior e do seguinte — “se abrirdes os vossos corações, talvez possamos provar o glorioso gelado final”. Slow Food no seu melhor, portanto.

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Vale a pena ler A Warning from Europe: the Worst is Yet to Come, na última The Atlantic, num dossier que pergunta: A Democracia está a Morrer? Que processos levam a democracia a transformar em autoritarismo e, eventualmente, em ditadura, em frente aos nossos olhos? Porque é que só nos damos conta da gravidade da situação quando é tarde demais? O texto de Anne Applebaum começa numa festa de passagem de ano, em 1999, na Polónia. Hoje não consegue falar com grande parte dos amigos polacos que então festejaram com ela. Estão do lado oposto das barricadas.

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Nada é tão novo como imaginamos. O futuro já foi inventado lá atrás. É isso que torna fascinante o podcast The Secret History of the Future, trabalho conjunto da The Economist e da Slate. Um dos episódios leva-nos até Paris do século XVIII para um jogo de xadrez entre o maior jogador daquele tempo e uma máquina a que chamavam o Turco Mecânico, uma figura vestida como um turco que, misteriosamente, jogava xadrez. Não era ainda a inteligência artificial, havia um homem real dentro do Turco Mecânico — cuja memória perdura hoje no nome do Amazon Mechanical Turk, rede de pessoas espalhadas pelo mundo que executam tarefas que um computador ainda não é capaz, actuando da forma mais próxima possível de um algoritmo. São os humanos dentro da máquina.

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Tenho uma tendência para ouvir músicas em repeat, álbuns em repeat. É o que me acontece há meses Above the Trees de Nádia Schilling e músicas como Kite ou Bad as Me. Tenho-o no carro e o universo de Nádia (que conheci primeiro quando a entrevistei como arquitecta paisagista, autora de um passadiço muito especial, e descobri depois por trás de uma das histórias maravilhosas de Comer Beber, de Filipe Melo e Juan Cavia) tem sobre mim um efeito encantatório que se repete viagem após viagem.

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