António Vitorino assume hoje a direcção da Organização Internacional das Migrações

Não está prevista qualquer cerimónia para assinalar a posse do novo director-geral.

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António Vitorino Daniel Rocha

O português António Vitorino assume nesta segunda-feira o cargo de director-geral da Organização Internacional das Migrações (OIM, uma agência da ONU), consciente das dificuldades, mas apostado em promover a cooperação internacional como resposta à crise migratória.

De 61 anos, ex-ministro português (1995-1997) e ex-comissário europeu (1999-2004), foi eleito, em 29 de Junho, director-geral da OIM, cargo ocupado pelos Estados Unidos desde a criação da organização, em 1951, com uma única excepção, em 1960.

António Vitorino sucede ao norte-americano William Lacy Swing para um mandato de cinco anos.

Fonte oficial da organização disse na sexta-feira à Lusa que não está prevista qualquer cerimónia para assinalar a posse do novo director-geral.

Vitorino assume o cargo numa altura em que as Nações Unidas concluíram o Pacto Global sobre Migrações, que visa garantir migrações reguladas e seguras. Chega também quando os líderes dos 28 países da União Europeia alcançaram um acordo [ainda teórico] sobre a gestão da crise migratória, que prevê, entre outras medidas, a criação de centros de controlo nos Estados-membros, a possibilidade de estabelecer plataformas de desembarque em países terceiros e o reforço dos meios das agências de controlo das fronteiras externas.

António Vitorino sustentou, em declarações recentes, que “o equilíbrio dos fluxos migratórios entre os países de origem, de trânsito e de acolhimento” só será garantido através da cooperação entre países.

O responsável, que falava numa conferência sobre migrações em Viseu, lembrou que “a migração irregular, alimentada pelas redes criminosas, é uma ilusão para os migrantes, que acabam por ser as primeiras e principais vítimas da violação dos seus direitos fundamentais”.

“A garantia de medidas regulares de migração tem de ir de par em par com a eficácia no combate aos traficantes de seres humanos. E para encontrar as formas mais eficazes de garantir uma coisa e a outra é necessário que os países colaborem no âmbito das Nações Unidas e nas suas relações a nível regional ou bilateral”, afirmou.

Acrescentou que a organização que irá dirigir “será um dos parceiros para contribuir nesse sentido”.

A OIM, organização criada para resolver a crise migratória causada pela II Guerra Mundial, conta com 169 Estados-membros e tem representações em mais de uma centena de países.

Cerca de 18 mil migrantes e refugiados chegaram à Europa por via terrestre desde Janeiro, seis vezes mais do que durante o mesmo período do ano passado, segundo os dados mais recentes da OIM.

No mesmo período, mais de 74,501 migrantes e refugiados entraram na Europa através do Mediterrâneo, com as chegadas a Espanha (32.272) a ultrapassar as da Grécia (20,961) e Itália (20,343).

As chegadas através do Mediterrâneo registadas este ano representam uma redução relativamente aos 129 mil migrantes que entraram na Europa por esta via no mesmo período de 2017.

Durante este período, foram registadas 1586 mortes no Mediterrâneo, comparativamente às 2565 ocorridas no ano anterior.

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