Gaia vai ampliar Parque da Lavandeira e reabilitar estufa neogótica

A autarquia vai adquirir a quinta da LavandeirA por 2,5 milhões de euros.

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NFACTOS/PEDRO GRANADEIRO |ARQUIVO

A Câmara de Gaia vai duplicar a área do parque natural da Lavandeira, em Vila Nova de Gaia, e, ao mesmo tempo, preservar uma estufa neogótica, em ferro. Para isso, a autarquia vai comprar a quinta que deu nome ao parque, num investimento de 2,5 milhões de euros. 

Em declarações à Lusa, o autarca Eduardo Vítor Rodrigues assumiu que "a principal razão da compra é ir a tempo de preservar uma das duas estufas de ferro fundido que existe na Península Ibérica", acrescentando como segundo objectivo a duplicação da actual área do parque natural da Lavandeira.

Em causa está uma estufa em ferro fundido, com um peso de 38 toneladas e cuja técnica de engenharia é a mesma do antigo Palácio de Cristal que foi demolido no Porto. A sua reabilitação ainda não tem um valor estimado - em 2012, no final do último mandato de Luís Filipe Menezes, o município estimava que a intervenção na estufa poderia rondar os 250 mil euros. Sabe-se apenas que a compra do terreno vai rondar os 2,5 milhões de euros. 

"A família [dona da quinta e da estufa] mostrou-se empenhada e a câmara vê esta aquisição como uma mais-valia tanto simbólica, como histórica, que amplia um espaço que transmite qualidade de vida", disse à Lusa Eduardo Vítor Rodrigues. "No mesmo ano, 2018, conseguimos enriquecer o património municipal com compras muito simbólicas. A Cerâmica das Devesas [que vai acolher o Museu da Cidade e um auditório municipal] e a estufa da Lavandeira e todo o terreno envolvente são peças muito importantes para Gaia", acrescentou.

A proposta de compra deverá ser avaliada e discutida em reunião de câmara, durante o mês de Outubro, estando neste momento a decorrer as negociações com os donos da propriedade. Em 2012, estes estavam abertos a assinar um protocolo com a autarquia, para que esta pudesse candidatar a obra na estufa a fundos comunitários.

A estufa, com um corpo principal de 24 metros de frente, com 12 metros de profundidade e outros tantos de altura, na zona central, foi mandada construir por Silva Monteiro, conde que esteve ligado à Associação Comercial do Porto e ao arranque da construção do porto de Leixões e da linha de caminho-de-ferro entre o Porto e a Póvoa de Varzim. 

Sobre ela,  escrevia um impressionado Duarte Oliveira Júnior na edição de 8 de Agosto de 1883 de O Comércio do Porto: "A porta do centro é ampla (3,3 metros de largo), elegante, bem proporcionada, e as laterais condizem com o resto do edifício. Os rendilhados da cobertura são todos de ferro e de uma leveza extraordinária, que mais parecem recortes feitos em papel transparente". Com Lusa

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