Irão, arte, poesia, jardins

O leitor António Cunha partilha a sua experiência pela antiga Pérsia.

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Xiraz, cidade de poetas e jardins, foi o ponto de partida desta inesquecível viagem. Ao início da tarde, encontro com um amigo e o seu sentido abraço! Explorámos o Bazar Vakil e de uma ruela avistámos a Madraseh-ye Khan; ao entrarmos, outro mundo despontou. À noite, um serão memorável com arte, música, fruta fresca e chá. Tudo saboroso, especialmente a amizade.

No dia seguinte, visita à etérea mesquita cor-de-rosa, Nasir ol Molk; os azulejos azul e rosa resplandeciam e uma das alas, de colunas em espiral e largas janelas, oferecia um maravilhoso espectáculo de luz e cor. De seguida a Fortaleza Arg-e Karim Khan. Ao almoço, arroz com açafrão e de tarde o lindo e florido jardim de Hafez, onde se encontra o túmulo do grande poeta.

Eram Garden, um dos mais bonitos e famosos jardins persas do Irão, apresenta uma profusão de plantas exóticas. A terminar o dia, visita a um dos mais opulentos santuários do Irão: o mausoléu Shah-e Cheragh, com balaustradas em alabastro e uma cúpula azul.<_o3a_p>

A cerca de uma hora de caminho, a imponente Persépolis é um complexo erguido em 518 a.C. por Dário I. Aqui tinham lugar as cerimónias e as festas de ano novo. Especial destaque para a Porta de Todas as Nações e templo da Apadana. Muito próximo encontra-se Naqsh-e Rustam, necrópole, com os túmulos esculpidos na rocha, onde foram sepultados os reis Aqueménidas. Por fim Pasárgada, fundada no século VI a.C. por Ciro, o Grande, promotor dos direitos humanos e da diversidade religiosa.

Ao final da tarde uma longa viagem. Montanhas cintilavam em tonalidades azuis. Era noite quando chegámos a Yazd. No dia seguinte, visita às Torres do Silêncio. Na antiga Pérsia foi fundada a primeira religião monoteísta, o zoroastrismo. Ainda uma breve paragem para ver o Templo do Fogo. Localizada no centro de Yazd, com as suas típicas casas em adobe, Masjid-e Jameh, a mais alta mesquita do país, data do século XII e reveste-se de um voluptuoso conjunto de azulejos azul-turquesa.

Isfaão, a grande jóia persa, emerge da convidativa e pujante Praça de Naqsh-e Jahan. Piqueniques nos relvados circundantes à enorme fonte central. No topo sul da praça, a sumptuosa Mesquita Xá, uma das obras-primas da arquitectura persa. Estrutura com quatro iwans, envolvia e convidava ao mundo supraceleste. No lado oposto, o Grande Bazar de Isfaão. Nas laterais, a mesquita do xeque Lotf Allah, com a cúpula mais bonita e intricada de todas as que observámos. À sua frente o Pavilhão de Ali Qapu e o seu lindíssimo salão de música. Da varanda, a panorâmica da Praça.

Iniciada há 1500 anos, Masjid-e Jameh apresenta um manancial de estilos e reflecte diferentes épocas da arquitectura. Em destaque o Antigo Mirabe. Logo de seguida o Novo Jolfa, o quarteirão arménio. Já em Kashan, localidade da água de rosas, a visita ao jardim Fin Garden.

A Mesquita Agha Bozorg, projectada com grande rigor simétrico, apresenta dois níveis: o superior, onde se entra e se acede à grande cúpula, e o inferior, que possui uma fonte.

Em Qom, tempo para visita ao Santuário de Fatima Masumeh. Com diversos edifícios, a sua construção teve início em 816 d.C.. Mais tarde foi adicionada uma cúpula em ouro.

Com Teerão como destino final, pausa para uma visita ao Mausoléu de Khomeini. O Palácio de Golestão exibe um iwan para coroações com um trono de mármore. Perto do iwan está o recanto de Karim Khani, de onde emerge uma fonte que irriga os jardins. Depois do almoço, as mais valiosas jóias da coroa do mundo, guardadas na caixa forte do Banco Central do Irão. Aqui está o magnífico diamante Mar de Luz.

No último dia a subida à Torre Milad. As montanhas Elburz que circundam Teerão são majestosas e há arranha-céus, viadutos e novas acessibilidades em todas as direcções. Por último, a Torre Azadi, construída em 1971, como marco dos 2500 anos do Império Persa. É neste balanço entre o grandioso passado e o radiante futuro, na imensa Praça Azadi, que a viagem termina. Ou quase...

António Cunha

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