Ex-secretário-geral adjunto indignado com "passa-culpas" sobre contas do PSD

João Montenegro critica declarações de José Silvano sobre anteriores gestões financeiras

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João Montenegro foi director de campanha de Santana Lopes Miguel Manso

João Montenegro, ex-secretário-geral adjunto do PSD, mostra-se indignado com as declarações do actual secretário-geral, José Silvano, em torno das dívidas do partido deixadas por direcções anteriores. “Nem queria acreditar que tivesse dito aquilo. Foi infeliz, saiu-lhe mal”, disse ao PÚBLICO o adjunto do secretário-geral do partido José Matos Rosa, que exerceu o cargo entre 2015 e 2017.

José Silvano escreveu, na rede social Facebook, que o PSD tem dívidas a fornecedores “há mais de cinco e dez anos”, pelas quais paga juros “dezenas de milhares de euros”, a propósito da redução de custos da festa do Pontal de 2017, marcada para 1 de Setembro. “Esta forma de passa-culpas leva-me a crer que o secretário-geral anda a aprender com o primeiro-ministro para quem a culpa é sempre dos outros quando acontece alguma coisa”, critica João Montenegro, que foi director de campanha de Pedro Santana Lopes nas eleições internas.

O social-democrata aconselha Rui Rio a “dar uma palavra a Silvano” sobre a “solidariedade política que sempre existiu no PSD”. Montenegro lembra que Silvano “tem telhados de vidro”, que foi presidente de uma distrital, a de Bragança, que “geriu processos autárquicos difíceis” e que foi presidente de câmara: “Quando saiu não viu nenhum companheiro de partido a dizer que deixou dívidas na câmara”.

Os comentários de José Silvano surgiram numa página de Facebook em que se questionava o figurino local da festa do Pontal deste ano. O secretário-geral escreveu: “Não se podem gastar 80.000 euros no Pontal e dever a fornecedores há cinco e dez anos. Isto não é sério”. Os comentários geraram mal-estar no partido por serem entendidos como um ataque à anterior gestão financeira de José Matos Rosa, secretário-geral do PSD entre 2011 e 2018. Mas José Silvano desvalorizou a polémica por considerar que as contas do partido já eram conhecidas de todos. O PÚBLICO tentou contactar José Matos Rosa, mas sem sucesso.

A decisão de reduzir custos em iniciativas como a festa do Pontal foi assumida pela direcção depois de fechadas as contas de 2017, que representaram um agravamento face ao ano anterior sobretudo por causa das eleições autárquicas. Em Março deste ano, ainda sem os números de 2017 fechados, Matos Rosa afirmava que “o PSD sempre foi um partido de contas reais, transparentes e de boas contas, que sempre cumpriu com os seus fornecedores.”

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