Como é que as “selfies” podem ajudar a proteger uma espécie ameaçada?

Os quokkas são pequenos marsupiais que habitam algumas ilhas do Oeste australiano, em particular a ilha de Rottnest, que abriga a maior população destes mini cangurus que estão a fazer furor na internet. O motivo? Bem, basta olhar para estes pequenos herbívoros.

A forma do focinho faz com que os quokkas (ou Setonix brachyurus) pareçam que estão sempre a sorrir. Os turistas adoraram essa característica peculiar e começaram a partilhar nas redes sociais as fotografias que tiram com os pequenos mamíferos através da hashtag #quokkaselfie. Não se esperava, no entanto, que estes auto-retratos se tornassem virais na internet e ajudassem a consciencializar o público para os riscos que os quokkas correm na natureza.

Em Rottnest vivem cerca de 10 mil animais, uma vez que não existem predadores (raposas e cães selvagens) que possam pôr em perigo a espécie. Ainda assim, é preciso ter um cuidado acrescido com estes animais, até porque têm uma baixíssima taxa de reprodução (uma cria por ano). O desenvolvimento humano tem vindo a afectar estes animais, que já que perderam uma parte significativa do seu habitat devido à maior utilização das terras para práticas agrícolas, à poda de árvores, à urbanização e ao uso de espaços para actividades recreativas. E em 2015 os incêndios que assolaram o território australiano e arrasaram 98 mil hectares de floresta quase levaram a população de quokkas à extinção.

Os ambientalistas australianos ouvidos neste vídeo do portal Great Big Story esperam que o movimento #quokkaselfie ajude a aumentar a consciencialização para a protecção destas espécies ameaçadas, cuja popularidade, no entanto, também pode implicar novos riscos — a pensar nisso, o Instagram até sinalizou a etiqueta como passível de conter publicações que "incentivem comportamentos nocivos para os animais ou para o ambiente”. A verdade é que se na natureza os quokkas são desconfiados e cautelosos, nas zonas urbanas têm vindo a tornar-se amigáveis e até se aproximam das pessoas. São "camera friendly", como descrevem os turistas. Mas atenção: não se pode mexer, nem alimentar os quokkas (a multa pode chegar aos 150 dólares).