Linda Martini leva à cena uma explosão criativa

Se o termo single é agora uma completa abstração — da componente física ficou apenas a estratégia de marketing tácita entre indústria musical e comunicação social —, aquilo que os Linda Martini acabam de “lançar” (aspas para acentuar a abstração) é quase como que a perfeita metáfora desta desintegração das regras e a dura aprendizagem das novas, ou o partir pedra para inventar novas. Ora, se o álbum foi lançado no início do ano (o quinto, e homónimo), e todos os temas estão disponíveis para serem ouvidos ou divulgados, tem de haver uma certa encenação para se comunicar o “lançamento de um single”. Quando este é apenas um resquício de um objeto comercial passado, plasmado atualmente num videoclipe — esse curioso objeto audiovisual com uma vertente promocional, mas que, ao contrário da publicidade (de onde vêm os realizadores deste destaque no P3), permite expressão artística. Daí o vídeo ser o verdadeiro palco atual para a música, além de se fazer comunicar, levar à cena toda a sua carga emotiva e significativa. No caso, este rock cru, raivoso, explosivo, que exprime as angústias de crescimento e de labuta na construção de um edifício criativo ou interpessoal. Portanto, se alguém disser que são dois singles, ou dois vídeos, ou dois temas, saibam que afinal isso poderá ser só teatro, mas nós, VIDEOCLIPE.PT, adaptamos e dizemos que isto “É Só um Videoclipe + Que se Faz Uma Obra Inteira”.

 

Texto escrito segundo o novo Acordo Ortográfico, a pedido do autor.