Concurso quer juntar artesãos e novos criadores para salvar ofícios antigos

Projecto Arts + Handicrafts desafia novos criadores a conceber produtos lado a lado com artesãos da região do Alto Minho. Candidaturas estão abertas até 30 de Novembro.

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Evitar o desaparecimento de ofícios tradicionais, como tamancaria ou cestaria, pondo "velhos" artesãos e novos criadores a trabalhar lado a lado e em parceria é o objectivo de um projecto lançado pela Comunidade Intermunicipal (CIM) do Alto Minho. O Arts + Handicrafts é um "desafio" à "reinvenção" dos ofícios e artesanato tradicionais, com novas abordagens mas com recurso às técnicas e ferramentas ancestrais.

Através do design, da arquitectura ou das artes plásticas, os criadores são desafiados a conceber novos produtos inspirados no "saber fazer" dos artesãos da região. A confecção será "um trabalho a quatro mãos", juntando o autor da ideia e o artesão. "O grande objectivo é fazer com que os jovens invistam no artesanato e vejam nele uma solução profissional. Caso contrário, corremos o risco de ficarmos sem artesãos e de se perder um património valiosíssimo", disse o presidente da CIM à agência Lusa.

Segundo José Maria Costa, a região "já começa a sentir falta" de artesãos para actividades mais tradicionais, sendo esta uma tendência que "urge inverter". "Com este projecto, pretendemos reinventar o artesanato tradicional e demonstrar que ele casa muito bem com a modernidade", acrescentou. 

Da latoaria à cantaria

Numa primeira fase, foram seleccionados os 26 artesãos que integram o projectoSão representativos de todos os dez concelhos do Alto Minho e de várias artes, como latoaria, pintura cerâmica, tecelagem ou cantaria. Há também tamanqueiros, cesteiros, ferreiros, bordadeiras, sapateiros, tecedeiras de linho, bonecreiros, empalhadores ou modeladores.

No domingo, foi lançado o concurso público para os criadores interessados em participar no projecto, que têm até 30 de Novembro para apresentarem as suas ideias e dizerem com que artesãos querem trabalhar. Numa primeira fase, serão seleccionadas 15 ideias, cinco das quais serão posteriormente escolhidas para construção do protótipo, num trabalho desenvolvido entre os respectivos autores e os artesãos do Alto Minho. Um trabalho que decorrerá nas típicas oficinais dos mestres artesãos da região. O regulamento completo pode ser consultado aqui.

Cada seleccionado receberá 500 euros pela ideia e terá mais 500 para desenvolvimento do protótipo. Um júri elegerá os três melhores protótipos, que serão premiados com 2000 euros (o 1.º), 1000 (2.º) e 500 euros (3.º). "Alguns dos artesãos envolvidos são já os últimos representantes da arte e este projecto é uma tentativa de que outros possam aprender as suas técnicas e não as deixem desaparecer", sublinhou à Lusa Ana Carvalho, da Marca d'Água, produtora do projecto. É o caso de António e Manuel Pereira, pai e filho, cesteiros de Arcos de Valdevez, de João Armada, de Ponte de Lima, mestre em latoaria artística, e do ferreiro em forja Manuel Carvalho, de Caminha.

Ana Carvalho lembrou que criadores e artesãos vão trabalhar "lado a lado e em conjunto" no projecto, uma proximidade que poderá gerar novos interessados nos ofícios tradicionais. Numa primeira fase do projecto, a Marca d'Água produziu documentários com cada um dos 26 artesãos, que serão divulgados no canal de vídeo digital V"Trata-se quase de um registo histórico, porque, repito, alguns retratam os últimos mestres da sua arte no Alto Minho", disse ainda Ana Carvalho.

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