Presidente da Associação Zoófila acusada de abuso de confiança

Queixa-crime na justiça foi apresentada pela presidente do Conselho Fiscal, que critica compras e negócios feitos com a empresa da própria presidente da direcção.

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A AZP é uma instituição humanitária de interesse público que procura promover a protecção de todos os animais Nelson Garrido / Arquivo

A presidente do Conselho Fiscal da Associação Zoófila Portuguesa apresentou uma queixa-crime contra a presidente da instituição, Ana Fernandes, por alegado abuso de confiança. Ana Fernandes está demissionária, tal com o resto da direcção, desde 20 de Junho.

De acordo com o Diário de Notícias (DN), a queixa foi apresentada na semana passada por suspeitas de que Ana Fernandes tenha feito "negócios consigo mesma".

Em causa, segundo o DN, estão irregularidades imputadas à presidente da instituição e deputada municipal do PAN em Odivelas, sobretudo por ter em nome próprio uma empresa que prestava serviços à Associação Zoófila Portuguesa (AZP).

"Há uma sensação de impunidade. Não podemos aceitar estes comportamentos. Uma pessoa que está a gerir o dinheiro dos outros não pode agir assim. Que podemos fazer para que a senhora deixe de achar que a associação é ela?", disse ao jornal a presidente do conselho fiscal da AZP.

Entre as irregularidades estão também a compra de um telemóvel por 843 euros sem decisão colegial prévia e a aquisição, em Fevereiro de 2017, de mais de três mil euros de ração fora de prazo da marca representada pela empresa detida pela presidente.

Em declarações ao DN, Ana Fernandes, que está demissionária, disse que "nunca tomou decisões sem respaldo da restante direcção” e argumenta que “as contas foram sempre aprovadas por sucessivos conselhos fiscais, incluindo o que o acusa de abuso de confiança".

Ao jornal, Ana Fernandes não nega que a empresa de que é proprietária desde 2011 cobrou serviços à AZP, salientando que os membros da direcção sabiam da relação dela com a empresa.

"Facturas foram entregues, seguiram circuitos administrativos normais, passaram por várias pessoas e foram validadas pela tesouraria. O nome da empresa aparece nos balancetes. Não só nunca escondi que a empresa era minha como disse, em várias oportunidades, que tinha uma empresa. Além de ser informação pública. (...) O potencial conflito de interesses foi avaliado pelos órgãos sociais e aceite, dados os benefícios que trazia à AZP", disse.

Segundo o DN, a pedido de um grupo de sócios foi convocada uma assembleia geral extraordinária para 26 de Maio na qual as acusações contra a presidente foram tornadas públicas.

A AZP "é uma instituição humanitária de interesse público que procura promover a protecção de todos os animais, apoiando os seus responsáveis e também os associados que intervenham em sua defesa". A associação conta com cerca de 17 mil sócios e desde 2014 possui um hospital veterinário, com facturação de quase um milhão de euros por ano e 30 funcionários.

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