Sindicato diz que hoje aconteceu a maior manifestação de trabalhadores de limpeza em 40 anos

Há quase 40 mil trabalhadores de limpeza, na maioria mulheres. “Sem vocês este país não funcionava”, disse nesta sexta-feira o líder da CGTP Arménio Carlos.

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Rita Rodrigues

Vieram do Porto, da Figueira da Foz, de Aveiro e de várias zonas de Lisboa, trabalham nas limpezas em hospitais ou centros comerciais. “As minha colegas são quatro para limpar um edifício e eu estou sozinha a limpar um”, diz Maria do Céu Jesus, que veio do Norte, e se queixa da sobrecarga de trabalho e do baixo salário que tem pelas 8 horas diárias que faz — ganha cerca de 580 euros. “Não temos condições. Para quem trabalha em laboratórios como eu, lido com ácidos e agulhas... mas a empresa não se responsabiliza.”

Horários repartidos, descontos no salário por causa de atrasos de minutos, desrespeito pela compensação por trabalho ao domingo: as queixas são várias e foram suficientes para levar nesta sexta-feira muitos trabalhores de limpeza à rua.  “No contrato está uma coisa e eles não cumprem”, acusa a dirigente sindical Manuela Mendonça com o seu colete de piquete de greve.

Centenas de pessoas estiveram em protesto com a palavra de ordem “patrão, escuta, estamos em luta!”

Desceram a Avenida da Liberdade em direcção à sede da Associação Portuguesa de Facility Services (APFS) para reivindicar melhores condições de trabalho, nomeadamente a subida do salário mínimo e do subsídio de alimentação de 1,80 euros por dia para 5 euros.

É a maior manifestação de sempre dos trabalhadores da limpeza em 40 anos, diz Vivalda Silva, também dirigente do Sindicato dos Trabalhadores de Serviços de Portaria, Vigilância, Limpeza, Domésticas e Actividades Diversas (STAD), que organiza o protesto.

Neste sector, há quase 40 mil trabalhadores, na maioria mulheres, e 70% estão a trabalhar a tempo parcial numa empresa prestadora de serviços de limpeza que tem contratos com instituições públicas, aeroportos, hospitais e centros de saúde, carris, comboios e empresas, diz ainda Vivalda Silva.

O STAD decretou uma greve nacional de 24 horas desde a madrugada de sexta-feira. O grande objectivo foi pressionar a associação patronal, APFS, a rever o contrato colectivo de trabalho, algo que não é feito desde 2004.

Argumenta o sindicato que a greve e o protesto nas ruas foram convocados depois de a APFS, na última reunião de Conciliação no Ministério do Trabalho, em Maio, se ter recusado a negociar. A APFS defende que o contrato colectivo está caducado e acusa o STAD de ter abandonado as negociações.

“Sem vocês este país não funcionava”, disse nesta sexta-feira o líder da CGTP Arménio Carlos aos trabalhadores.

 

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