Brasil sem “fantasminhas”, garantiu Tite

Traumático Mundial 2014 já faz parte do passado, vincou o seleccionador brasileiro, que reconheceu a pressão mas admitiu ser candidato ao título. Neymar não está a 100% mas pode ir a jogo

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REUTERS/Hannah McKay

A paixão pelo futebol esteve sempre lá, mas “esfriou” um pouco desde o último Mundial. As recordações mais recentes dos brasileiros estão longe de ser as melhores, marcados pelo desfecho traumático que viveram no Campeonato do Mundo que organizaram em 2014. O desastre vivido nas meias-finais contra a Alemanha (7-1) e a derrota frente à Croácia no jogo de atribuição dos terceiro e quarto lugares (3-0) desenharam este período sabático, mas o entusiasmo está de volta à boleia de uma selecção muito renovada e de uma nova liderança técnica.

Tite, o homem escolhido há dois anos para comandar o Brasil, é o principal responsável pela renovada auto-estima “canarinha”. E faz questão de afastar da sua equipa qualquer trauma relacionado com aquilo que se passou há quatro anos. Afinal de contas, a selecção que viajou para a Rússia conta apenas com cinco repetentes de 2014: Thiago Silva, Marcelo, Paulinho, Willian e Neymar. “Tento de alguma forma administrar os meus fantasminhas, as minhas angústias. Mas o trabalho até agora dá-nos muita expectativa, uma paz de que fizemos um trabalho de preparação muito forte”, sublinhou ontem Tite, na antevisão do jogo de hoje com a Suíça (19h, SP-TV1), quando questionado sobre a experiência de dirigir o Brasil num Mundial.

“A pressão é muito forte. O mundo está de olhos no Mundial e em nós. Queremos ter a mesma naturalidade de outras situações. Que a equipa saiba diferenciar resultado e desempenho”, acrescentou Tite, que definiu o Brasil como “uma equipa forte, competitiva, com uma ideia de jogo bem definida, com qualidade técnica colectiva e individual e candidata a vencer o Mundial.”

A partida de Rostov marcará a segunda vez que Brasil e Suíça se defrontam num Mundial – a primeira foi em 1950, em São Paulo, e terminou 2-2. De resto, o historial de confrontos é marcado por relativo equilíbrio: no total de oito jogos disputados, há três empates, três triunfos brasileiros e duas vitórias suíças (dez golos do Brasil e oito da Suíça). “Vamos ter um grau de dificuldade elevado. Eles defendem com duas linhas e têm velocidade no ataque. Jogos de alto nível, como este, são exigentes, desafiam-nos ao máximo”, vincou Tite.

Cautelas com Neymar

Fred, lesionado durante um treino na sequência de uma entrada mais dura de Casemiro, é a única baixa na “canarinha”, embora Tite admita algumas cautelas também com Neymar. “Não está ainda a 100%, mas é muito forte fisicamente. Os índices de sprints em velocidade máxima são impressionantes e ele fez uma recuperação muito boa. Ainda não está na sua plenitude, mas já está bem mais evoluído do que planeávamos, e está em condições de fazer um grande jogo”, indicou o técnico.

De resto, o futebolista mais caro de sempre (trocou o Barcelona pelo Paris Saint-Germain por 222 milhões de euros) mostrou-se inabalável em entrevista a um canal televisivo: “Modéstia à parte, sinto-me o melhor jogador do mundo. Messi e Cristiano Ronaldo são de outro planeta, então eu sou o melhor.”

A confiança de Neymar encontra paralelo na fiabilidade suíça: a selecção orientada por Vladimir Petkovic perdeu apenas uma das últimas 22 partidas e o técnico de origem bósnia não teve rodeios. “Não estamos aqui para fazer um jogo lindo, mas para ganhar”, vincou. “Vamos tentar ser tão organizados quanto possível. Teremos de forçar o Brasil a cometer erros para podermos criar oportunidades. Essa é a mentalidade com que vamos entrar em campo, porque precisamos de marcar golos para vencer”, concluiu Petkovic.

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