Recordar o autor de Os dois sonetos de amor da hora triste

Fotobiografia do poeta Álvaro Feijó vai ser lançada a 5 de Junho na Casa de Vilar, em Lousada.

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Álvaro Feijó, um poeta, um aristocrata preocupado com a condição dos operários DR

Em 2016, passaram cem anos sobre o nascimento e 75 anos sobre a morte de Álvaro Feijó (1916-1941), um poeta da Seara Nova e (postumamente) do Novo Cancioneiro, irmão de letras de figuras do neo-realismo nascente. A dupla efeméride foi, nesse ano, evocada pela Câmara Municipal de Lousada, com uma exposição na biblioteca pública, conferências e um prémio com o nome do autor de Corsário (1940) para os estudantes do ensino secundário. Ficou em aberto a publicação de uma fotobiografia, desafio lançado à família de Feijó, ao qual o sobrinho Rui Graça Feijó decidiu lançar mãos. O resultado surge agora finalmente em álbum – com o título Sombras, Memórias – Evocação na primeira pessoa do meu tio Álvaro Feijó – e vai ter lançamento na terça-feira, dia 5 de Junho, às 18h00, na Casa de Vilar, que foi morada da família Feijó, no lugar de Vilar do Torno, no concelho de Lousada.

Rui Graça Feijó explica ao Ípsilon que esta é assumidamente uma edição de homenagem e de cunho familiar. Com membros da família, o autor buscou nos cantos mais recônditos do solar em Vilar testemunhos da passagem efémera pela vida do seu tio poeta, que foi também um aristocrata preocupado com a condição social dos trabalhadores e operários.

Fotografias, documentos pessoais, cartões escolares, diplomas, cartas, manuscritos, objectos de uso quotidiano foram reunidos e seleccionados num registo simultaneamente documental e afectivo. Sem esquecer, naturalmente, a componente poética da obra de Álvaro Feijó, cujo espólio literário tinha sido doado pelo seu irmão Rui Feijó (1921-2008) – que foi o primeiro delegado regional da Secretaria de Estado da Cultura no Porto e esteve na origem do Museu de Arte Contemporânea depois concretizado em Serralves – à Biblioteca Pública Municipal do Porto e ao Museu do Neo-Realismo, em Vila Franca de Xira.

E Rui Graça Feijó avança mesmo a sua leitura de três poemas do tio Álvaro: Natal, Nossa Senhora da Apresentação e o conjunto Os dois sonetos de amor da hora triste (popularizado na voz de Maria Barroso). “Este não será um exercício analítico, antes um ensaio que se funda na recordação que guardo do meu encontro com a poesia do meu tio”, escreve o autor desta fotobiografia.

Para a sessão de lançamento de Sombras, Memórias está também anunciada a presença de Manuel Alegre, “um amigo da família”, que – recorda Rui Graça Feijó – em 1964 esteve “refugiado durantes dois meses na Casa de Vilar” antes de partir para o exílio.

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