Só 41% dos patrões têm estratégia para proteger saúde de trabalhadores

A maior parte dos empresários inquiridos num estudo internacional têm consciência da relação que existe entre a saúde dos colaboradores e o seu desempenho, mas os orçamentos reduzidos não permitem uma aposta maior nesta área.

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Patrões preocupados com stress e saúde mental dos funcionários ENRIC VIVES-RUBIO

Apenas 41% dos empresários portugueses inquiridos num estudo internacional dizem ter uma estratégia definida para lidar com os problemas de saúde dos seus colaboradores, uma percentagem inferior à obtida há dois anos num estudo similar (53%). Os empresários ouvidos nesta investigação mostraram-se preocupados sobretudo como o stress e a saúde mental dos funcionários e só depois com os problemas relacionados com a sua situação financeira.

São conclusões do Aon Emea Health Survey 2018, um inquérito levado a cabo por uma consultora multinacional especializada em soluções de risco, reforma e saúde que visou identificar os principais problemas de saúde e bem-estar dos trabalhadores com que as empresas lidam e a forma como os enfrentam.

No inquérito, que abrangeu mais de 900 empresas de 25 sectores diferentes na Europa, África e Médio Oriente, participaram 70 empresas portuguesas. Logo à partida, destaca-se uma aparente contradição: apesar de a maioria dos empresários nacionais inquiridos terem reconhecido que é fulcral apostar na promoção da saúde dos seus trabalhadores – e numa percentagem mesmo superior à da média dos de outros países avaliados neste trabalho -, a maior parte admitiu que não desenvolve estratégias que permitam alcançar melhores resultados.

Na prática, ainda que 89% dos "patrões" tenham consciência da relação que existe entre a saúde dos trabalhadores e o seu desempenho, só 41% definiram e aplicaram uma estratégia a este nível (por exemplo, programas de promoção da saúde e do bem-estar), quando em 2016 mais de metade (53%) dos inquiridos tinham afirmado que investiam nesta área. Os motivos apresentados para justificar este resultado prendem-se sobretudo com os orçamentos cada vez mais limitados das empresas, argumentam.

O que também falta nas empresas nacionais é “a monotorização com métricas adequadas para maximizar o impacto destes programas” de promoção da saúde laboral, uma vez que apenas 14% avaliam o resultado da concretização das estratégias delineadas. De resto, enfatiza-se ainda, o grande desafio em Portugal passa por “melhorar o compromisso e o sentimento de pertença dos colaboradores”.  

A nível global, o inquérito permitiu perceber que quase 70% dos empregadores tem ou projecta ter nos próximos anos um orçamento para financiar iniciativas que promovam a saúde dos colaboradores, mas a maior parte parece, porém, não ter uma ideia definida dos problemas de saúde e bem-estar que são prioritários, de forma a conseguirem enfrentar os riscos que os trabalhadores enfrentam a este nível.

Mas percebe-se igualmente que as empresas estão cada vez mais conscientes da ligação directa entre o bem-estar dos colaboradores e o seu nível de produtividade e de compromisso com a empresa, tal como da relação com comportamentos associados a estilos de vida menos saudáveis – nomeadamente o sedentarismo, o stress e a obesidade. O que falta agora é passar à prática.

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