Portugal acaba em último lugar e Israel vence a Eurovisão

Esta foi a quarta vitória para Israel na Eurovisão. A votação foi renhida — a canção de Israel não era a favorita do júri, mas acabou por ser a preferida do público.

Boate
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A vencedora Netta, de Israel Reuters/PEDRO NUNES
Teatro musical, traje
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Salvador Sobral e Netta LUSA/JOSE SENA GOULAO
Circo, teatro musical, dança de concerto, dança
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Reuters/PEDRO NUNES

Está conhecida a sucessora de Salvador Sobral. Israel venceu o Festival da Eurovisão com Toy, uma música inspirada no movimento #MeToo. Interpretada pela israelita Netta, a música trouxe ao Altice Arena um palpável ambiente de festa e confirmou o favoritismo que lhe tinha sido apontado durante as últimas semanas. Sobre girl power, contra os stupid boys, e cacarejos intercalados com referências anime que fazem lembrar uma Bjork israelita, a música conseguiu ser superior à tentativa de boicote da canção pelo grupo que dirige a campanha global de Boicote, Desinvestimento e Sanções (BDS) a Israel, que acusam o país de tentar limpar a sua imagem internacionalmente.

"Obrigado por celebrarem a diversidade", agradeceu a intérprete de uma canção alinhada com as lutas feministas do nosso tempo. E já anunciou: "Para o ano, é em Jerusalém". Esta foi a quarta vitória para Israel. Primeiro em 1978, com o clássico eurovisivo A-Ba-Ni-Bi, de Izhar Cohen & The Alphabeta. Em 1979, com Hallelujah, por Gali Atari & Milk & Honey, canção provavelmente versejada em todas as línguas de todo o mundo. Em 1998, Dana International cantou Diva e fez história, tornando-se a primeira pessoa transgénero a vencer o festival.

A 63.ª edição do Festival da Eurovisão arrancou com fado, graças às actuações de Ana Moura e Mariza. Só depois começaria o desfile de bandeiras que antecedeu as actuações das 26 canções finalistas. Com O jardim, da autoria de Isaura, Portugal interpretou uma das canções mais despojadas do festival, sem recurso a grandes efeitos técnicos. Na plateia, várias pessoas com perucas cor-de-rosa, alusivas ao cabelo de Cláudia Pascoal, apoiavam as representantes portuguesas — mas nem isso levou a canção portuguesa a passar do último lugar.

Apesar de Portugal não ter conseguido duplicar a vitória, os portugueses não deixaram de marcar a final do festival. Um dos momentos mais emocionantes da noite foi — sem surpresas — o regresso de Salvador Sobral ao palco. Primeiro para interpretar o seu mais recente single Mano a Mano, com Júlio Resende no piano e, depois, para voltar a interpretar a canção vencedora da última edição. O músico de 28 anos esteve oito meses afastado dos palcos por razões de saúde e os eurofãs provaram que não se esqueceram da música vencedora da última edição. Com Caetano Veloso, Salvador reencantou os eurofestivaleiros com Amar pelos dois. Intercalado com silêncios preenchidos pelos fãs, o dueto Salvador Sobral e Caetano Veloso conseguiu uma das actuações mais aplaudidas da noite.

Outro dos momentos mais altos da final foi protagonizado pela Estónia, que chegou a ser apontada como uma das favoritas. Interpretada pela cantora lírica Elina Nechayeva, a actuação de La Fuerza foi acompanhada com uma projecção no vestido da cantora. Outra das actuações mais aplaudidas — e que esteve também perto da vitória — foi a de Chipre, com o Fuego de Eleni Foureira.

A noite foi também marcada por um incidente que interrompeu a actuação da britânica SuRie, quando um intruso subiu ao palco e roubou o microfone à cantora. O invasor foi retirado por um elemento da organização, mas só depois de ter deixado um recado: “Medias nazis do Reino Unido, exigimos liberdade." A cantora prosseguiu com a actuação e foi fortemente aplaudida no final. Apesar de a organização a ter convidado a regressar ao palco para reinterpretar a canção, SuRie declinou o convite.

O espectáculo contou com as actuações de Branko, com Sara Tavares e Plutónio, depois de um tema com Dino D'Santiago e a canção que o produtor tem com Mayra Andrade. Este foi também um regresso para Sara Tavares, que em 1994 conquistou o 8.º lugar com Chamar a música. Na edição do All Aboard, houve ainda espaço para uma viagem pelos últimos 53 anos da participação lusitana no festival, que foi criticada nas redes sociais. Está conhecido o próximo destino: Jerusalém.

1.º Netta, Israel, Toy Reuters/PEDRO NUNES
2.º Eleni Foureira, Chipre, Fuego LUSA/JOSE SENA GOULAO
3.º César Sampson, Áustria Nobody But You LUSA/JOSE SENA GOULAO
4.º Michael Schulte, Alemanha, You Let Me Walk Alone LUSA/JOSE SENA GOULAO
5.º Ermal Meta e Fabrizio Moro, Itália, Non Mi Avete Fatto Niente LUSA/JOSE SENA GOULAO
6.º Mikolas Josef, Rep. Checa, Lie To Me LUSA/JOSE SENA GOULAO
7.º Benjamin Ingrosso, Suécia, Dance You Off LUSA/JOSE SENA GOULAO
8.º Elina Nechaieva, Estónia, La Forza Reuters/PEDRO NUNES
9.º Rasmussen, Dinamarca, Higher Ground Reuters/PEDRO NUNES
10.º DoReDoS, Moldávia, My Lucky Day LUSA/JOSE SENA GOULAO
11.º Eugent Bushpepa, Albânia, Mall LUSA/JOSE SENA GOULAO
12.º Ieva Zasimauskaite, Lituânia, When We're Old LUSA/JOSE SENA GOULAO
13.º Madame Monsieur, França, Mercy LUSA/JOSE SENA GOULAO
14.º Equinox, Bulgária, Bones LUSA/JOSE SENA GOULAO
15.º Alexander Rybak, Noruega, That's How You Write A Song LUSA/JOSE SENA GOULAO
16.º Ryan O'Shaughnessy, Irlanda, Together LUSA/JOSE SENA GOULAO
17.º Melovin, Ucrânia, Under The Ladder LUSA/JOSE SENA GOULAO
18.º Waylon, Holanda, Outlaw In 'Em LUSA/JOSE SENA GOULAO
19.º Sanja Ilic & Balkanika, Sérvia, Nova Deca Reuters/PEDRO NUNES
20.º Jessica Mauboy, Austrália, We Got Love Reuters/RAFAEL MARCHANTE
21.º AWS, Hungria, Viszlat Nyar LUSA/JOSE SENA GOULAO
22.º Lea Sirk, Eslovénia, Hvala, ne! LUSA/JOSE SENA GOULAO
23.º Amaia e Alfred, Espanha, Tu Canción LUSA/JOSE SENA GOULAO
24.º SuRie, Reino Unido, Storm LUSA/JOSE SENA GOULAO
25.º Saara Aalto, Finlândia, Monsters LUSA/JOSE SENA GOULAO
26.º Cláudia Pascoal e Isaura, Portugal, O Jardim Reuters/PEDRO NUNES
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1.º Netta, Israel, Toy Reuters/PEDRO NUNES
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