Estas formigas explodem para proteger a sua colónia

Ao suicidarem-se, as formigas explosivas da Ásia lançam um líquido viscoso e amarelo para defender a sua colónia dos inimigos.

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Formiga operária pequena, que explode para proteger a sua colónia Alexey Kopchinskiy

As florestas tropicais do Sudeste asiático podem esconder segredos minúsculos e explosivos. Entre as árvores de florestas do Bornéu, Tailândia e da Malásia, há formigas que explodem para defender a sua colónia dos inimigos: são as “formigas explosivas”. Agora, um grupo de cientistas descreve na revista científica ZooKeys uma nova espécie desse grupo, a Colobopsis explodens

Desde 1916 que se sabe que há formigas que explodem. Contudo, só se descreveu cientificamente este grupo de insectos em 1935, porque se achava que antes não havia provas suficientes sobre esse comportamento. Estas formigas foram classificadas como sendo da espécie Colobopsis cylindrica.

Em 2014, cientistas da Áustria, Tailândia e do Bornéu juntaram-se para esclarecer melhor este comportamento explosivo das formigas. Observaram-nas nas florestas do Sudeste asiático e identificaram, pelo menos, 15 espécies diferentes de formigas explosivas. Uma, a Colobopsis explodens, é uma nova espécie para a ciência.

A formiga desta nova espécie é castanha avermelhada e tem poucos milímetros. Na colónia da Colobopsis explodens há membros que sacrificam a vida para proteger a comunidade. No caso destas formigas explosivas são as operárias pequenas, as fêmeas estéreis, que têm esse comportamento.

E como se sacrificam? Quando têm de enfrentar um inimigo (como outro insecto), estas formigas explodem. Libertam então um líquido amarelo, viscoso, tóxico a partir das suas glândulas. Desta forma, conseguem matar ou afastar o inimigo. “[Tem] um cheiro distinto que não é desagradável que lembra, estranhamente, o caril”, descreve Alice Laciny, entomologista do Museu de História Natural em Viena (Áustria) e principal autora do estudo ao jornal britânico The Guardian. Devido a esse líquido amarelo e pegajoso que lançam, estas formigas eram conhecidas como as “viscosas amarelas”.

Esta tendência suicida é considerada comum a grupos como o das abelhas ou das formigas, que trabalham em grupo. A protecção da comunidade torna-se mais importante do que a do indivíduo.

E nem só as formigas operárias pequenas têm superpoderes de protecção na colónia. As operárias grandes, também conhecidas como “porteiras”, têm cabeças grandes que usam para barrar a entrada dos formigueiros e, assim, protegê-lo dos intrusos.

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Formiga operária grande, que barra a entrada do formigueiro com a sua cabeça grande Heinz Wiesbauer

E há mais. Numa expedição em 2015, os cientistas também observaram um voo de acasalamento entre as formigas macho e as rainhas nessas colónias. “Recolheram amostras dos primeiros machos destas formigas alguma vez vistos”, acrescenta-se no comunicado da editora da ZooKeys. A equipa registou ainda informações sobre as preferências de alimentação destas formigas e as suas actividades.

Os cientistas acreditam que há muito mais para descobrir sobre estas formigas e, no comunicado, abrem-nos já o apetite: “Enquanto as formigas explosivas tiverem um papel determinante nas florestas tropicais, a sua biologia continuará a esconder vários segredos.”  

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