Vela faz do Algarve um destino internacional para desportos de Inverno. Sem neve

Quando o norte da Europa gela, o mar do sul é a alternativa para velejadores olímpicos treinarem. Os jovens fazem brilharetes mas os octogenários também vão na onda.

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O velejador John Hagan, 82 anos, é um dos atletas que vai participar numa prova mundial que se realiza em Vilamoura de 24 a 30 Junho. Uma das condições para entrar nesta competição — Snipe World Masters — é ter mais de 45 anos. Criado em 2017, o Centro Internacional de Alto Rendimento para a Vela já se encontra com capacidade esgotada para a temporada de 2018/2019. A vela, juntamente com o golfe e o hipismo, colocam o Algarve na rota dos destinos de desportos de Inverno, mesmo sem neve.

A marina de Vilamoura está, desde Outubro do ano passado, a ser pólo de atracção de velejadores de todo o mundo, posicionando-se como base na Europa para as olimpíadas. Por este Centro de Alta Competição, através do “Vilamoura Sailing”, já passaram 32 equipas olímpicas de vela para fazer os estágios de preparação para Tóquio. No próximo ano, anunciou o mentor deste projecto, Nuno Reis, os atletas internacionais estarão de volta no Outono

Inverno. “Um sucesso, sem dúvida”, diz o empresário, apostado em colocar o Algarve como referência nesta modalidade para treinos na época baixa do turismo. “Temos aqui condições excepcionais de vento e de mar”, justifica. Durante quatro meses de estadia, sublinhou, “houve um aproveitamento efectivo de 98% do tempo”.

Nuno Reis anunciou que vai ampliar o Centro de Internacional de Alto Rendimento de 250 para 300 atletas sem apoios públicos. A empresa que dirige, Companhia Náutica, pretende organizar em Vilamoura, até 2020, nove provas de nível internacional. O interesse pela região corre mundo e os atletas chegam desde a Suécia e Noruega, países onde é difícil treinar no Inverno, mas também de Espanha, Brasil, EUA ou Singapura.

Na época baixa do turismo balnear, o golfe, a vela e o hipismo apresentam-se como as novas atracções da região. O presidente da Região de Turismo do Algarve (RTA), Desidério Silva, entende que esta é uma das vias para “quebrar a sazonalidade com projectos sustentáveis”.

Daqui a três meses, no Snipe World Masters, o argentino Jonh Hagan não é único a mostrar que a idade não é obstáculo à prática da vela. Para esta prova internacional, adiantou Nuno Reis, já estão inscritos 16 atletas com idades acima dos 75 anos. De acordo com as normas internacionais, os atletas deste escalão só estão na água em competição durante três horas, no máximo. Menores de 45 anos não entram. No resto do tempo, quando não estão a navegar, os atletas praticam actividades sociais, nos bares e restaurantes do empreendimento turístico.

Em 2019 está confirmada a organização do Campeonato do Mundo da Classe 420, a mais importante classe de vela pré-olímpica. Segundo a empresa promotora, entre Outubro do ano passado e Março de 2018, a permanência das equipas internacionais teve um impacto directo na economia de cerca de 4,3 milhões de euros.

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