Presidente da ADoP sublinha seriedade dos atletas lusos

Rogério Jóia comentou panorama do Alto Rendimento em palestra promovida pela Universidade Europeia.

Foto
AFP PHOTO / FABRICE COFFRINI

O presidente da Autoridade Nacional Antidopagem (ADoP), Rogério Jóia, disse esta terça-feira que os atletas lusos são "sérios e não querem ganhar recorrendo à mentira", lamentando que o desporto seja uma área complicada de gerir face ao dinheiro que envolve.

Numa iniciativa promovida pela Universidade Europeia, no âmbito da problemática do “doping” no desporto no panorama do Alto Rendimento, o presidente da ADoP falou de vários exemplos vividos em Portugal, numa conferência que também contou com a presença do triatleta do Benfica João Pereira.

“Temos a sorte de termos bons atletas e gente muito séria em Portugal. Eu só mando controlar fora da competição quando há perigo, porque sei com quem estou a lidar”, começou por referir, justificando: "Sou inspector de carreira e tenho obrigação de perceber o que está bem e o que está mal. Os atletas portugueses não querem ganhar recorrendo à mentira e, felizmente, a maioria é como o João [Pereira]".

Ainda assim, o responsável máximo pelo combate ao “doping” em Portugal não escondeu o desagrado pelas complicações que o desporto tem, muito por culpa do dinheiro que movimenta.
“Nunca conheci um contexto tão complicado como o desporto e não estou a falar só do futebol. O desporto mexe com muito dinheiro”, salientou.

Por sua vez, o campeão de Europa de triatlo mostrou a sua perspectiva como atleta de Alto Rendimento, frisando que nunca sentiu necessidade de tomar substâncias proibidas.
“Nunca senti essa vontade por três motivos: Gosto de dormir bem e de estar bem com a minha consciência; Ganhar a fazer batota não tem o mesmo sabor; E, depois, tenho um clube, uma federação, colegas e o Comité Olímpico. Estaria a queimar a aposta em mim”, contou João Pereira.

De forma mais aprofundada, Rogério Jóia revelou alguns exemplos negativos vividos nos últimos anos, falando em especial do difícil combate na modalidade do kickboxing, que tem como grande consequência a "ausência de patrocinadores".

“O kickboxing está muito ligado às substâncias que fazem crescer o corpo. É a modalidade com mais casos, por também estar ligada ao mundo da noite. A própria federação quer limpar a modalidade, expulsar esses atletas que estão ligados a comportamentos", explicou.

O futebol e o ciclismo de estrada são as duas modalidades "mais importantes de controlar fora da competição”, segundo o presidente, que falou mesmo de uma situação grave vivida num clube “grande” em Portugal, o Sporting.

“Todos os clubes deviam seguir essa forma de estar. Deviam ter alguém no clube a combater esse tipo de situações e até há um caso que é público num clube grande. Tivemos um jogador, o Douglas, que não disse o que estava a tomar. Este tipo de situações acontece”, lamentou,

Por fim, e relativamente a números concretos no que diz respeito ao futebol, Rogério Jóia desvendou que, em "trinta anos, foram dez os futebolistas apanhados" nas malhas do “doping”, no entanto, sublinhou que nos "últimos três anos e meio foram punidos cinco” nos clubes “grandes”, explicando também como funcionam actualmente os processos de controlo aos jogadores.

“Antes sorteava dois, agora controlo os trinta. Fazem os exames ao sangue, EPO e urina”.

Sugerir correcção
Comentar