Ex-Presidente da Coreia do Sul condenada a 24 anos de prisão

Tribunal considerou Park Geun-hye culpada de corrupção, abuso de poder e coacção.

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Park, de 66 anos, negou sempre qualquer acto de corrupção e não esteve presente no tribunal LUSA/JEON HEON-KYUN / POOL

Park Geun-hye, ex-Presidente da Coreia do Sul, foi condenada nesta sexta-feira a 24 anos de prisão, depois de ter sido considerada culpada de corrupção, abuso de poder e coacção.

A ex-Presidente coreana também foi multada no valor de 18 mil milhões de won, cerca de 13 milhões de euros, pelos crimes de corrupção, avança a BBC. Park foi condenada por 16 dos 18 crimes pelos quais estava acusada.

O tribunal deu como provado que Park Geun-hye agiu em conluio com a amiga Choi Soon-sil para receber milhões de won das grandes empresas sul-coreanas, como a Samsung e a Lotte, para ajudar a família de Choi e organizações sem fins lucrativos. A acusação pedia 30 anos de prisão e uma multa de 118 mil milhões de won (aproximadamente 91 milhões de euros) pelos 18 crimes alegadamente cometidos. 

“A ré abusou do poder presidencial que lhe foi confiado pela população, e como resultado, causou um enorme caos nos assuntos de Estado, que resultou na sua destituição, algo sem precedentes”, disse o juiz Kim Se-yoon, durante a leitura da sentença. Acrescentou ainda que, durante o julgamento, Park não mostrou quaisquer “sinais de arrependimento” e que, em vez disso, tentou culpar Choi e os seus assessores.

Park, de 66 anos, negou sempre qualquer acto de corrupção e não esteve presente no tribunal, onde foi condenada pelos crimes de abuso de poder, coacção e corrupção. A sentença foi transmitida em directo pela televisão, algo inédito, porque as autoridades coreanas consideraram que o caso tinha interesse público.

À porta do tribunal estavam cerca de 1000 apoiantes da ex-Presidente, a protestar pela “vingança política” contra ela.

O caso remonta a 2016, ano em que a Justiça sul-coreana acusou Park Geun-hye de cumplicidade no caso de corrupção e abuso de poder que envolve a sua ex-melhor amiga e dois antigos assessores. A então Presidente não foi julgada imediatamente porque estava protegida pela Constituição, que determina que só um crime de traição pode levar um chefe de Estado ao tribunal. O caso abalou a sociedade sul-coreana, que saiu às ruas se manifestar em massa contra Park. 

Em 2016, a Presidente anunciou que estava a pensar demitir-se para evitar a destituição. Ainda assim foi o Tribunal Constitucional que ditou o seu afastamento, em Março de 2017, tornando-a a primeira Presidente democraticamente eleita a ser afastada do cargo. No mesmo mês, a então Presidente foi detida e ficou a aguardar pelo julgamento na prisão. A sua saída abriu caminho para que Moon Jae-in lhe sucedesse. Sobre a decisão do tribunal, a actual Presidência disse que o destino de Park era “desolador” não apenas para ela mas para o país, cita a Reuters.

A ex-melhor amiga, Choi Soon-sil, foi detida, julgada e condenada a 20 anos de prisão, em Fevereiro deste ano. 

O herdeiro do grupo Samsung, Jay Lee, também foi condenado a 20 anos de prisão por suborno e desvio de fundos, mas foi libertado em Fevereiro, acabando por cumprir apenas um ano de pena.

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