Paulo Moura vence Prémio de Literatura de Viagens Maria Ondina Braga

O livro Extremo Ocidental "resulta pelas suas características singulares - a viagem como redescoberta do próprio país - e pela sobriedade encantatória da sua escrita", justifica o júri.

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Nuno Ferreira Santos

O livro Extremo Ocidental. Uma Viagem de Moto pela Costa Portuguesa, de Caminha a Monte Gordo, de Paulo Moura, venceu por unanimidade o Grande Prémio de Literatura de Viagens Maria Ondina Braga.

O Grande Prémio, no valor de 12.500 euros, é atribuído pela primeira vez, tendo sido instituído pela Associação Portuguesa de Escritores (APE), com o patrocínio da câmara de Braga.

"Um júri, coordenado por José Manuel Mendes, constituído por António Mega Ferreira, Guilherme d'Oliveira Martins e Helena Vasconcelos, atribuiu, por unanimidade, ao livro Extremo Ocidental - Uma Viagem de Moto pela Costa Portuguesa, de Caminha a Monte Gordo, de Paulo Moura", afirma a APE, num curto comunicado divulgado esta quarta-feira.

Justificando o prémio, em acta o júri escreveu: "Extremo Ocidental, de Paulo Moura, resulta pelas suas características singulares - a viagem como redescoberta do próprio país - e pela sobriedade encantatória da sua escrita", cita a APE.

Segundo a Elsinore, editora que publicou a obra, esta "é uma colecção de achados de viagem". "Formas de vida, sombras do passado, pequenas utopias redentoras", que "pode ser lido como um guia das praias e dos caminhos, um diário de aventura, ou um ensaio sobre a identidade portuguesa".

O livro, esclarece a editora, "é uma jornada de repórter", numa "narrativa que inclui as estradas, as paisagens, as praias, as cidades, mas também as pessoas, as histórias".

"Um casino numa aldeia, uma capela que desapareceu misteriosamente, a última noite de uma discoteca de praia, um parque de campismo proibido a campistas, uma comunidade de amor livre, um homem que vive sozinho numa ilha, um pescador que comunica com os peixes" são algumas das histórias contadas por Paulo Moura.

Paulo Moura é professor de Jornalismo na Escola Superior de Comunicação Social, em Lisboa, e autor de seis livros, entre os quais a Biografia de Otelo Saraiva de Carvalho e Passaporte para o Céu.

O autor nasceu no Porto, em 1959, e durante 23 anos foi jornalista no PÚBLICO - onde publicou algumas das histórias que deram corpo ao livro. 

Como jornalista recebeu vários prémios, entre os quais o Gazeta, o da Assistência Médica Internacional (AMI), do Alto Comissariado para a Imigração e Diálogo Intercultural (ACIDI), do Clube Português de Imprensa, da Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento (FLAD), entre outros.

Maria Ondina Braga (1932-2003), que dá nome ao galardão literário, nasceu em Braga, licenciou-se em Literatura Inglesa pela Royal Asiatic Society of Arts, e exerceu a carreira de professora em Angola e Macau, tendo sido também tradutora de autores como Herbert Marcuse, Graham Green e Bertrand Russel, entre outros.

Como ficcionista estreou-se em 1965, com o livro de crónicas Eu Vim para Ver a Terra, tendo publicado cerca de 20 títulos, entre crónicas, romances, novelas e contos, designadamente A China Fica ao Lado (1968), Estátua de Sal (1969), A Personagem (1978) e A Rosa de Jericó (1982).