Um “crowdfunding” para ajudar a “Limpar Santana”

Nuno Flores e Thiago Coqueiro iniciaram uma campanha de "crowdfunding" que se estende até 16 de Abril. O objectivo? Ampliar a rede de saneamento num quilombo em Santana, no Brasil

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Limpar Santana

Desenvolver um sistema de saneamento básico sustentável num quilombo no Brasil — eis o propósito da campanha de crowdfunding Limpar Santana, que está à procura de 7500 euros para concretizar o objectivo.

No Brasil, existem hoje cerca de 5000 quilombos, comunidades que se formaram em torno dos antigos territórios dos negros que fugiam à escravatura, mas muitos apresentam debilidades, como sublinha o vídeo de apresentação do projecto em destaque. Disso mesmo se aperceberam o arquitecto português Nuno Flores e o professor de educação física brasileiro Thiago Coqueiro, depois de terem desenvolvido alguns projectos junto da comunidade de Santana. "Verificámos que o sistema de saneamento que estava implementado não estava a funcionar", conta o primeiro, em entrevista ao P3. E surgiu "a questão de que havia águas que poderiam estar poluídas e que poderiam estar a interferir na saúde das pessoas do quilombo".

Juntos iniciaram então "trabalhos de reabilitação do sistema de saneamento básico de uma casa na comunidade". Assim, e em parceria com a associação de moradores local, estão à procura de financiamento para poderem ampliar a rede de saneamento. O crowdfunding vai estar disponível até 16 de Abril e já foram angariados cerca de 2200 euros — já só faltam 5300.

A ideia para a campanha surgiu "há mais ou menos cinco meses", embora só tenha sido posta em prática em Fevereiro. "Tínhamos que encontrar uma forma de financiar a extensão da rede para acabar com este problema de saúde pública." Tudo — confessa — para "o quilombo poder reivindicar com mais força o direito à terra original e fortalecer o valor cultural". 

Para Nuno, Limpar Santana é uma "ferramenta fundamental para fortalecer duas grandes questões". Um delas é o direito à terra, uma vez que muitos dos moradores continuam sem ter os territórios "legalizados", mesmo após a apolição da escravatura. "Continuam a lutar pela posse da terra", ressalva. A "segunda grande questão" é o facto de ser uma oportunidade para "valorizar a cultura afro-brasileira". "Acabam por conseguir resistir e ter uma ligação forte a essa matriz africana e preservam-na e usam-na como instrumento de resistência."

Os interessados podem ainda ir dançar um Samba por Santana Viva o Samba encontrou para "dar visibilidade" a esta campanha. 

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