O futuro é no projecto europeu, combatendo os nacionalismos, diz Marcelo

Marcelo Rebelo de Sousa defendeu também que a União Europeia não pode sacrificar a coesão social com argumentos financeiros.

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Marcelo está na Grécia até quarta-feira LUSA/SIMELA PANTZARTZI
Marcelo foi recebido pelo Presidente da República Helénica, Prokopios Pavlopoulos
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Marcelo foi recebido pelo Presidente da República Helénica, Prokopios Pavlopoulos LUSA/JOSÉ SENA GOULÃO
Alexis Tsipras também recebeu o Presidente
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Alexis Tsipras também recebeu o Presidente LUSA/SIMELA PANTZARTZI

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, defendeu esta terça-feira, perante o seu homólogo grego, em Atenas, que é no projecto europeu que se tem de lutar por um futuro melhor, combatendo os nacionalismos, populismos e xenofobias.

Numa declaração no Palácio Presidencial, em Atenas, onde foi recebido pelo Presidente da República Helénica, Prokopios Pavlopoulos, Marcelo Rebelo de Sousa defendeu também que a União Europeia não pode sacrificar a coesão social com argumentos financeiros.

O chefe de Estado reiterou que Portugal e Grécia convergem em pontos essenciais da política europeia e, com Pavlopoulos ao seu lado, afirmou: "Uns e outros, acreditamos na União Europeia, e sabemos que este momento é um momento crucial para o futuro da União Europeia".

"Sim, senhor Presidente, foi o projecto europeu que permitiu o nosso reencontro, depois de tantos, tantos, tantos passos de um caminho vivido em comum. E será através do projecto europeu que teremos de continuar a batalhar para garantirmos um futuro muito melhor para os nossos filhos, os nossos netos e todas as gerações vindouras, combatendo tentações nacionalistas, populistas, xenófobas, demagógicas", sustentou.

Segundo Marcelo Rebelo de Sousa, Portugal e Grécia convergem em relação à conclusão da união económica e monetária e da união bancária, em matéria de migrações e de refugiados e também relativamente ao próximo quadro financeiro da União Europeia.

"Convergimos na construção de um quadro financeiro plurianual que seja equilibrado e justo e virado para o futuro. Convergimos na defesa da coesão social e da preocupação com a necessidade de não sacrificar os reequilíbrios dessa coesão no seio da União Europeia, porque sabemos que não há argumentos financeiros que possam ultrapassar as preocupações com as pessoas e que há um ajustamento constante a fazer a pensar nas pessoas, nos europeus", acrescentou.

De acordo com o Presidente da República, a proximidade do projecto europeu às pessoas é fundamental, "só essa proximidade permite afastar os tais perigos dos desequilíbrios nos sistemas políticos, económicos e sociais, dos ceticismos, dos populismos, das demagogias".

Depois de ouvir Prokopios Pavlopoulos falar sobre as relações com a Turquia, a questão da designação da vizinha Macedónia e a situação da ilha de Chipre, o Presidente da República afirmou que Portugal apoia "tudo o que possa ser feito no tocante à boa vizinhança" e que contribua para a paz.

"Por isso, estamos tão atentos ao que se passa no Mediterrâneo, ao que se vive no Próximo e Médio Oriente. Por isso, acompanhamos de forma tão próxima os esforços constantes do secretário-geral das Nações Unidas no tocante a Chipre. Por isso, partilhamos o entendimento de que a pertença à União Europeia exige a aceitação e a vivência dos valores fundamentais que caracterizam a União e, neles, do Estado de direito democrático em particular", referiu.

Corajosa resiliência

O Presidente da República prestou ainda uma homenagem "à corajosa resiliência do povo grego", em Atenas, e manifestou-se confiante e animado com as perspectivas de evolução económica e social da Grécia. "Chego à Grécia com sentimento de confiança e de crença no futuro", disse Marcelo.

"Animam-me imenso as perspectivas que se abrem para a economia e para a sociedade gregas, quando, daqui por poucos meses, em junho, se concluir o Programa de Assistência Económica e Financeira, tal como ainda ontem [segunda-feira] reconheceu o presidente do Eurogrupo [Mário Centeno], no final de uma reunião em que foi saudada a conclusão da terceira revisão", acrescentou.

O Presidente da República expressou orgulho na "solidariedade que o povo português ao longo destes anos sempre demonstrou para com o papel da Grécia na crise migratória e de refugiados" e voltou a salientar que existe "um amplíssimo consenso político" sobre esta matéria em Portugal.

Depois, defendeu que "todos, Estados-membros da União Europeia, instituições nacionais e sociedade civil" têm de estar à altura dos valores do projecto europeu, "a justiça, a solidariedade, o Estado de direito democrático, a defesa dos direitos humanos, a salvaguarda da dignidade da pessoa".

O Presidente da República disse que esta visita de Estado marca "uma constância" nas relações bilaterais e que se se sente em casa na Grécia: "É o sol, é o céu, é a hospitalidade, é o calor, é a alma, é a cultura, são as raízes".

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