André Gomes sente-se “envergonhado” com a situação no Barcelona

O jogador português do Barcelona admite o seu desconforto perante as críticas de que tem sido alvo. “Nem quero sair de casa.”

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Internacional português diz que pressão afecta a sua vida pessoal Reuters/ALBERT GEA

O internacional português André Gomes, de 24 anos, que alinha no Barcelona mas não é titular na liga espanhola desde o final de Outubro de 2017, descreveu, numa entrevista à revista desportiva Panenka, os dias difíceis que vive na capital catalã.

“Talvez não seja a palavra certa, mas [a vida] tornou-se num inferno, porque comecei a sentir mais pressão”, confessa o centro-campista, que deixou o Benfica para rumar ao Valência, antes de ser contratado pelo Barcelona, por 35 milhões de euros. “Não falo com ninguém. É como se me sentisse envergonhado”, prossegue. “Há dias em que nem quero sair de casa.”

Sente o desconforto dentro e fora do relvado. Mas nem sempre foi assim. Os primeiros seis meses na Catalunha – aonde chegou em Julho de 2016 – “foram bastante bons, mas depois as coisas mudaram”. Diz que as críticas dos adeptos “culé” e da opinião publicada nos jornais o afectam. As bancadas não lhe perdoaram os erros dentro de campo, quando alinhava. Consequência: o centro-campista português, que ganhou o título europeu de selecções por Portugal no Euro 2016, em França, diz ter cedido aos seus pensamentos e à pressão. “Tenho medo de sair à rua por vergonha”, afirma mesmo.

Para um observador como o jornalista Juan Jiménez, do diário desportivo As (do grupo Prisa, que edita o El País), “é difícil não compreender as reflexões” de André Gomes, cujo palmarés, enquanto sénior, inclui ainda uma Taça do Rei e Supertaça de Espanha, uma Taça de Portugal, um título de campeão português, uma Taça da Liga e uma Supertaça portuguesa (tudo pelo Benfica).

“Incluir no contrato uma cláusula-bónus de 15 milhões de euros para o caso de conquistar a Bola de Ouro [prémio reservado ao melhor jogador do mundo], gerou alguma confusão”, escreve este jornalista. “O bónus elevou as expectativas e, face ao pobre rendimento, acabou por se tornar um alvo fácil”, explica, num comentário às confissões do jovem médio português, que tem 27 “internacionalizações A” por Portugal.

Todas estas variáveis também têm afectado o futebolista fora do relvado: “Fecho-me e não liberto a frustração que sinto. Depois não falo com ninguém.” Admite que pensa demasiado nas falhas e que, “apesar da ajuda dos colegas de equipa”, as coisas nem sempre funcionam “como eles desejariam”.

O jogador, que deixou Portugal em 2014, cumpre a segunda temporada no Barcelona. Esta época ainda não fez um jogo completo para o campeonato. “Que os adeptos do ‘Barça’ não estão com André Gomes, é óbvio. (...) É fácil convertê-lo no patinho feio”, sublinha Juan Jiménez, mas “o que começou como uma causa justa (os assobios que mereceu por não estar à altura) acabam num jogo diabólico que está a consumir o jogador”. E depois remata: “André Gomes tem de fazer mais e muito mais no ‘Barça’, mas os adeptos também devem fazer uma reflexão.”

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