A difícil ressaca de alguns dos campeões depois do Euro 2016

Vários internacionais portugueses que participaram na conquista do título europeu não estão a ter uma época de sonhos nos respectivos clubes, apesar de terem protagonizado transferências milionárias

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Renato Sanches foi titular no Bayern Munique — há seis meses que isso não acontecia na Bundesliga KAI PFAFFENBACH/REUTERS

Passaram praticamente nove meses desde o dia 10 de Julho, marcado pelo triunfo da selecção portuguesa na final do Campeonato da Europa. O estatuto de campeões europeus acompanhará os futebolistas nacionais pelo menos até 2020, mas, para alguns dos 23 seleccionados por Fernando Santos, o brilho alcançado durante o torneio disputado em França não teve reflexo na carreira ao serviço dos respectivos clubes.

O desempenho de Portugal no Euro 2016 acendeu a cobiça por alguns dos elementos da selecção e foram várias as transferências milionárias após a competição. Mas nem todos estão a confirmar as expectativas nos clubes pelos quais assinaram. João Mário, um dos cinco portugueses que participaram em todos os encontros da selecção no Europeu (os outros foram Rui Patrício, Cristiano Ronaldo, Nani e Ricardo Quaresma) mudou-se do Sporting para o Inter de Milão por 40 milhões (mais cinco por objectivos) mas tem oscilado entre a titularidade e o banco de suplentes, nomeadamente desde que Stefano Pioli sucedeu a Frank de Boer como técnico dos nerazzurri.

Cumpridas 30 jornadas da Liga italiana, João Mário foi utilizado em 25 partidas do campeonato com uma média de praticamente 69 minutos em campo por encontro. Foi 18 vezes titular mas, no último mês, por exemplo, disputou três partidas como suplente utilizado, num total de 46 minutos.

Antes dos compromissos recentes da selecção com Hungria e Suécia, questionado sobre a adaptação ao futebol italiano, João Mário garantiu que não está arrependido pela transferência: “Tomei uma decisão consciente. Estou muito satisfeito com o que tem sido o meu trabalho no Inter. Não podemos reduzir tudo ao que se tem passado nas últimas semanas”, frisou o médio, acrescentando: “O campeonato italiano tem um nível táctico muito forte, é muito agressivo e tem muitos confrontos. Tenho que melhorar fisicamente. Sinto-me mais jogador, mais completo por disputar um campeonato mais competitivo.”

João Mário manteve o lugar nas opções de Fernando Santos, assim como André Gomes ou Renato Sanches, outros dois casos de ressaca difícil no pós-Euro 2016. O primeiro trocou o Valência pelo Barcelona numa transferência de 35 milhões com potencial para chegar aos 55. Mas André Gomes tem sido pouco convincente com a camisola “blaugrana”: utilizado por Luis Enrique em 22 das 29 jornadas da Liga espanhola, tem uma média de 54 minutos por jogo e foi titular 13 vezes. Na Liga dos Campeões, participou em sete das oito partidas dos catalães (cinco vezes titular) tendo somado um total de 420 minutos.

“Precisa de estar mais seguro em campo. É o jogador que precisa de tranquilidade e que tem tido mais dificuldades em entrar [na equipa]”, admitiu o director desportivo do Barcelona, Robert Fernández. “Fez coisas boas e coisas não tão boas. É um jogador com muita qualidade, que vai continuar a ter oportunidades”, acrescentou o mesmo responsável. Luis Enrique também mostra poucas dúvidas sobre André Gomes: “É um jogador incrível, com um grande potencial e será muito importante para o futuro do Barcelona.”

Na Alemanha, Renato Sanches também é visto como uma aposta de futuro do Bayern Munique. A transferência do Benfica para o emblema bávaro foi fechada ainda antes do Euro 2016 (por um valor inicial de 35 milhões de euros, mas o negócio pode chegar aos 80 milhões) só que a adaptação tem sido complicada. O médio foi ontem titular pela quinta vez no campeonato, completando 15 presenças em 27 jornadas – há seis meses que Sanches não alinhava de início na Bundesliga. “Tem grandes qualidades, mas é normal que no Bayern haja concorrência. Se queres jogar aqui, tens de aceitar isso. No Bayern estão os melhores jogadores do mundo. Toda a gente quer jogar, mas é preciso ser paciente”, notou o brasileiro Rafinha, companheiro de equipa do internacional português.

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