Portugal imbatível rumo à final que alimenta o sonho do Europeu

Dois golos de André Coelho deram a volta à Rússia num jogo marcado pela perspectiva de a selecção lutar pelo primeiro grande título. O último adversário será a Espanha.

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LUSA/IGOR KUPLJENIK

Portugal garantiu pela segunda vez na história o apuramento para a final do Campeonato da Europa de futsal ao vencer neta quinta-feira a Rússia, por 3-2, na meia-final disputada no Stozice Arena, na Eslovénia. A separá-lo da conquista do troféu está agora, tal como aconteceu em 2010, na Hungria, novamente a Espanha, que na altura saiu por cima.

André Coelho foi o herói português ao marcar os dois golos que, já na segunda parte, inverteram o rumo de uma eliminatória praticamente selada por Bruno Coelho no último minuto. Um golo que viria a ser providencial para travar a resposta da Rússia, que ainda conseguiu reduzir por André Lima.

Antes da conquista — com um registo invencível e com 20 golos marcados na prova —, Portugal acusou em demasia a pressão perante a perspectiva de repetir a final de 2010, na Hungria. Raramente encontrou forma de desposicionar um adversário visivelmente confortável em ambientes decisivos, fruto de seis finais europeias disputadas — um título em 1999, vice-campeão do mundo em 2016, e finalista vencido nas três últimas edições do Campeonato da Europa em 2012, 2014 e 2016.

Serena e confiante, a Rússia aproveitou a tímida entrada lusa para se colocar em vantagem logo na primeira oportunidade, explorando uma perda de bola em zona proibida para ganhar superioridade e bater André Sousa com uma finalização de Éder Lima.

Portugal não encontrava soluções para se libertar do espartilho que sufocava as ideias de Ricardinho, tendo, apesar de tudo, terminado a primeira parte em crescendo, criando três potenciais ocasiões para empatar, com Pedro Cary, João Matos e Ricardinho a falharem o alvo por muito pouco.

Ricardinho não se conformava e assumia, com alguns rasgos individuais, a responsabilidade imposta pelo estatuto de capitão e de melhor do mundo para liderar a equipa, sem, contudo, evitar mais um calafrio, com a formação portuguesa a ver o “russo” Robinho a rematar à barra, em mais uma bola perdida que poderia ter traçado o destino da selecção. 

Sem desmoralizar, apesar de uma segunda parte marcada pela exibição de Zamtaradze na baliza russa — a negar o golo num livre de Bruno Coelho e a alimentar a incerteza até à entrada dos últimos dez minutos —, Portugal emergiu sob a batuta de André Coelho, que aproveitou um corte incompleto de Rómulo para igualar a partida exactamente a meio da segunda parte (30’).

André Coelho acabaria por se revelar determinante, ao assinar o segundo golo de Portugal (39’), que deixou a Rússia, momentaneamente, sem capacidade de reacção e obrigada a arriscar pela primeira vez no encontro.

Compelida a atacar com tudo no tempo que restava, a Rússia prescindiu do guarda-redes para criar superioridade numérica no ataque. O risco foi elevado e o preço a pagar também, pois viu Bruno Coelho confirmar a reviravolta lusa com um golo de baliza a baliza, quando havia um minuto para disputar.

A Rússia acelerou e Éder Lima ainda deu sete segundos de esperança com o último golo da partida. Mas com um André Sousa destemido na baliza, Portugal resistiu e confirmou a segunda presença numa final de Campeonatos da Europa. Feita a festa, Bruno Coelho resumiria no final a emoção de estar a um passo de tocar o céu. “Perseguíamos isto há tanto tempo. Agora é rumo ao sonho de ser campeões da Europa”, declarou o autor do terceiro golo português.

Herói da meia-final, em que se estreou a marcar pela selecção, André Coelho já vislumbra o brilho do troféu. “Este era o grande objectivo: lutar pelo ouro. Estamos fortes e unidos e vamos lutar pelo título”, afirmou o autor do “bis” que virou a Rússia do avesso.

Igualmente com enormes responsabilidades no apuramento, o guarda-redes André Sousa expressou o turbilhão de sentimentos registado nos instantes finais: “Foram 50 segundos de tensão e muita emoção. Agora é descansar”.

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