Vamos falar dos 27 mil empregos na indústria?

Como estamos a promover as pontes entre as escolas de formação profissional, os jovens e as empresas? Que portas podemos abrir mais entre esta tríade essencial, para que continuemos a ter uma indústria a crescer a este ritmo?

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Dayne Topkin/Unsplash

Sim. São 27 mil empregos. Nas empresas responsáveis por um terço das nossas exportações. Empresas que não conseguem contratar porque há uma indústria que não se consegue vender aos jovens. Porque poucos querem trabalhar na Couro Azul de Alcanena, mas muitos gostariam de trabalhar para a sua cliente Porsche, por exemplo.

No início deste ano, a Associação dos Industriais Metalúrgicos, Metalomecânicos e Afins de Portugal (AIMMAP) revelou os resultados de um inquérito que nos revela números incríveis sobre o sector: em Novembro do ano passado, as exportações do sector cresceram 25% atingindo o melhor valor mensal de sempre.

O mesmo relatório, que nos apresenta uma indústria com um crescimento de vento em popa, aponta para a enorme dificuldade em conseguir mão-de-obra qualificada que dê resposta a esta conjuntura. Existem, em Portugal, mais de 82 mil desempregados jovens. Mas, então, porque é que estes empregos não são atractivos para eles?

Um estudo do Conselho Empresarial para o Desenvolvimento Sustentável (BCSD), em conjunto com a Deloitte e a Sonae, sobre esta geração no trabalho (Millennials@Work), diz-nos que este grupo valoriza work-life balance, que quer carreiras que dêem a oportunidade de liderar e em empresas com um papel positivo na sociedade (com focos para além do lucro).

Como podem saber os nossos jovens qual a posição das empresas relativamente a estes factores? E falemos também do gap entre os jovens e a indústria. Como estamos a promover as pontes entre as escolas de formação profissional, os jovens e estas empresas? Que portas podemos abrir mais entre esta tríade essencial para que continuemos a ter uma indústria a crescer a este ritmo?

Este ano celebramos a 4 de Outubro o Dia Nacional da Manufactura. É um dia que quer celebrar não só o sucesso da nossa indústria, mas também explicá-la e desmontá-la para que os nossos jovens percebam que ela não só é sexy, mas também um motor essencial para que a nossa economia continue a crescer. E que talvez a vontade de ter um impacto positivo na nossa economia e na nossa sociedade possa passar por ajudar estes patinhos feios, à espera de serem reconhecidos como cisnes, a crescer.

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