"Estou aqui uma guerreira que nunca pensei que fosse"

Durante quase três semanas, as centenas de trabalhadores da antiga Triumph, na sua maioria mulheres, passaram dias e noites aos portões da fábrica. A vigília tinha como objectivo impedir que a empresa retirasse bens do interior do espaço e exercer a pressão necessária para que os direitos de quem lá trabalhava saíssem salvaguardados. Ao vigésimo dia, a chegada da administradora de insolvência, nomeada pelo tribunal culminou num processo de despedimento colectivo e com a garantia de que a prioridade do processo seria devolver os direitos aos trabalhadores. Na última noite que as trabalhadoras passaram de plantão, o PÚBLICO escutou as histórias de quem fez da antiga Triumph a sua segunda casa, em alguns casos durante várias décadas, como Maria José Gomes, que passou mais de cinco décadas dos seus 61 anos no sector de corte da fábrica. Ou Lurdes Santos que confessa ter passado por um período de maior fragilidade mas que descobriu nesta luta uma desconhecida capacidade para lutar. "Isto veio mostrar-me que sou capaz, e vou lutar até ao fim".