Pizarro força consensos para garantir lista única ao PS-Porto

Líder federativo apresenta a recandidatura neste sábado, numa sessão que vai contar com vários membros do Governo.

Foto
Manuel Pizarro Paulo Pimenta

Manuel Pizarro, o rosto do Governo de António Costa no Porto, apresenta neste sábado a sua recandidatura à presidência da distrital sem, contudo, saber se é candidato único ou se vai ter de disputar os votos com um adversário patrocinado pela nova concelhia, agora presidida pelo deputado Renato Sampaio, antigo líder distrital, que agregou à sua volta a ala socrática e segurista.

Derrotando Tiago Barbosa Ribeiro nas urnas, Renato Sampaio sobe ao palco da liderança da concelhia depois de ter estado, durante alguns anos, afastado dos combates partidários, trazendo consigo outros socialistas que há muito se encontravam arredados e esquecidos do partido. Orlando Gaspar, um histórico do PS, próximo de José Sócrates, esteve na retaguarda da candidatura à concelhia do seu afilhado de baptismo, Renato Sampaio.

Quem esteve muito atento a estas eleições foi o ex-líder do PS. José Sócrates, amigo pessoal de Renato, telefonou logo que as urnas encerraram para o Porto, para saber quem é que os militantes tinham escolhido para presidente da concelhia.

Se a vitória sorriu a Sócrates, não deixou de provocar um amargo de boca em António Costa. O secretário-geral do PS gostaria que Tiago Barbosa Ribeiro fosse reeleito. O até agora líder da concelhia foi um vigoroso apoiante do acordo que Manuel Pizarro fez com Rui Moreira para a Câmara do Porto, no primeiro mandato do actual presidente e esse apoio valeu-lhe muitas críticas ao longo da sua liderança.

Já o presidente da federação, Manuel Pizarro, tenta puxar pelo “bons resultados” que, em seu entender, o partido alcançou no distrito nas autárquicas de Outubro – o PS conquistou 11 presidências de câmara em 18 – para se manter no cargo de líder do partido no Porto. “Acho que tenho capacidade para continuar a liderar a distrital, alargando o espaço de debate político e a racionalidade da decisão política. Espero que isso contribua para que não se perca um enorme capital que o PS ganhou na sociedade portuense”, declarou.

Afirmando que, para si, era “melhor” ter Tiago Barbosa Ribeiro à frente da concelhia do Porto, por isso o apoiou, Manuel Pizarro, que lidera a oposição na Câmara do Porto onde é vereador, diz ser “evidente que não vai deixar de haver uma relação institucional normal entre quem preside à federação e quem preside às diversas concelhias e, por maioria de razão, à concelhia do Porto”. “A partir de uma relação institucional há-de se construir a relação política necessária para que as coisas corram o melhor possível”, observa o candidato que neste sábado contará na sessão de apresentação da sua recandidatura com vários membros do Governo.

Questionado sobre se pretende incluir na sua lista à federação apoiantes de Renato Sampaio, o dirigente distrital responde: “É provável que aconteça”. E trata de deixar um aviso. “Candidato-me com as minhas ideias políticas, não me candidato com as ideias políticas de ninguém, candidato-me em nome da ideia de um PS profundamente comprometido com aquilo que o Governo está a fazer, com um processo de modernização do país que é liderado pelo PS, com a ideia de que a governação à esquerda é um valor adquirido para o presente e para o futuro do país”, defende.

Apesar de prometer não excluir ninguém, o candidato nota que são as suas ideias que contam para a distrital. “Não farei nenhuma exclusão em relação a nenhum socialista que naquele ou naqueloutro processo interno tiveram posições divergentes, mas sempre em torno das minhas ideias”, reforça, declarando taxativo: “Não serei presidente da federação em guerra com o presidente da concelhia do Porto”. É aqui que Pizarro abre a porta a consensos com as outras sensibilidades do partido.

Ao que o PÚBLICO apurou, o candidato tem falado com pessoas conotadas tanto com a ala socrática como com a ala segurista, com vista a apresentar uma lista agregadora das várias sensibilidades do PS. “A nova lista terá como base a actual comissão política. É uma lista representativa dos vários sectores do PS”, revela Manuel Pizarro. E acrescenta que, se a sua candidatura for única, será sua obrigação “procurar integrar as diferentes sensibilidades do PS”.

Evitando abrir frentes relativamente a matérias sensíveis como as próximas eleições autárquicas de 2021, Pizarro recusa falar de nomes para a Câmara do Porto, em 2021. José Luís Carneiro, que tutela a secretaria de Estado das Comunidades, é frequentemente apontado para protagonizar uma candidatura ao Porto.

Sugerir correcção
Ler 1 comentários