Cancelado: ontem os ex-Smiths iam reunir-se, hoje já não

Espectáculos Classically Smiths caem por terra depois de Andy Rourke dizer que nunca contratualizou a sua participação e com a desistência posterior de Mike Joyce e Craig Gannon.

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The Smiths DR

O anúncio foi feito com as habituais reservas – nem Morrissey nem Johnny Marr estavam incluídos no plano de reunir parte dos The Smiths para três concertos no próximo Verão num projecto ao vivo intitulado Classically Smiths. As actuações caberiam a Andy Rourke, Mike Joyce e Craig Gannon, segundo o anúncio feito segunda-feira. Terça-feira, veio o cancelamento de todo o projecto. Afinal, Rourke não estava oficialmente ligado à ideia de brincar aos clássicos com a música dos Smiths.

O plano – na segunda-feira – era reunir o baixista Andy Rourke e o baterista Mike Joyce, juntamente com Craig Gannon, à orquestra Manchester Camerata e tocar versões de música clássica do repertório dos Smiths. Tinha datas para Edimburgo, Londres e Manchester, em grandes estádios. Os bilhetes seriam postos à venda na próxima sexta-feira.

Porém, Andy Rourke emitiu um comunicado logo na segunda-feira que tudo põe em causa: “Em altura alguma dei a minha autorização a qualquer pessoa ligada ao projecto Classically Smiths para agir em meu nome, e nada nunca foi confirmado, aprovado ou contratualizado por mim ou pela minha equipa”. As declarações que surgem na nota que promovia o projecto são “100% fabricadas e sem autorização”, diz Rourke. Na nota promocional, cita o Guardian, lia-se que Rourke estava “entusiasmado e excitado por estar envolvido” no projecto.

Na sequência do desmentido do baixista, Mike Joyce diz entretanto já na terça-feira que aceitou entrar no projecto “de boa fé” mas que sem Rourke a sua participação não faz sentido; depois disso, Craig Gannon, que tocou com os Smiths em vários instrumentos na recta final da sua carreira, confirmava que tudo estava cancelado. “Os espectáculos Classically Smiths já não avançarão”, avança um comunicado que partilhou nas redes sociais.

A escolha de palavras dos envolvidos só deixa entrever o que poderá ter sido o processo negocial do projecto. Por um lado, Joyce não se compromete, nas suas declarações, quanto ao seu grau de conhecimento sobre a validade dos argumentos de Rourke e sobre a conduta de quem promove o projecto – “Infelizmente tornou-se aparente muito tarde que Andy não faria parte [do projecto]… Após muita ponderação e profundo questionamento, decidi que sem o Andy, que foi uma parte essencial da minha concordância em participar, cheguei a esta difícil decisão. Ainda acredito que os espectáculos e o conceito são uma ideia fantástica e desejo-lhes todo o sucesso que merecem”.

Depois, Gannon detalhava: “Há cinco meses eu, Mike Joyce e Andy Rourke concordámos em fazer parte deste projecto. Infelizmente o Andy saiu à última hora… a última coisa que queríamos era induzir seja quem for em erro. Isto é uma desilusão porque todos estávamos entusiasmados com estes espectáculos."

Mas a mesma nota de Joyce, citada pela Rolling Stone, indica que o baterista soube em cima da hora de uma conferência de imprensa que anunciaria o projecto que Rourke não estava afinal a bordo. “Concordei com o Andy que eu integraria a conferência de imprensa e informaria as pessoas de que ele não participaria. Infelizmente na manhã da conferência de imprensa fui informado de que não poderia dizer isso. Então, concordei fazer entrevistas mas sem discutir a participação do Andy”, detalhou sobre as instruções que lhe terão sido dadas, sem precisar se vieram da promotora Bad Production, responsável pelos espectáculos agora cancelados.

Se as relações entre Morrissey e Marr são historicamente más, também Joyce e Rourke tiveram as suas querelas no passado, dividindo-se na forma como processaram os dois primeiros em busca de maior equidade na divisão dos direitos autorais das músicas dos Smiths, por exemplo.

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