Mundial 2018 sem VAR confirmado, mas FIFA já pensa em patrocinador

International Board satisfeito com as experiências efectuadas com videoárbitro. A decisão final será tomada em Março.

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A tecnologia do videoárbitro está em estudo Kim Kyung Hoon/Reuters

Ainda não há uma decisão final sobre se o próximo Mundial de futebol vai ter videoárbitro (VAR), mas o International Football Association Board (IFAB) está satisfeito com as experiências já efectuadas em diversos países, incluindo na I Liga portuguesa, falando de um acerto de 98,9%, nas conclusões apresentadas após uma reunião de trabalho do organismo que decorreu, nesta segunda-feira, em Zurique. “O International Board está convicto de que as experiências têm sido exaustivas e os resultados em mais de 800 jogos com VAR têm sido positivas e encorajadoras”, lê-se no comunicado do organismo, que remete a decisão final para 2 de Março, em nova reunião do IFAB.

O “selo de aprovação” do IFAB será aquilo que a FIFA precisará para avançar, em definitivo, para algo que o seu presidente Gianni Infantino tem dado como uma certeza quase absoluta, mas ainda faltará saber se o VAR pode ser um sistema à prova de erro numa prova em que uma boa parte das equipas e dos árbitros não estão habituados a esta tecnologia.

Ainda sem a certeza de contar com o VAR no Rússia 2018, a FIFA já dá a decisão como favorável e já está, inclusive, à procura de patrocinadores para os momentos em que se recorrer ao VAR durante os jogos do Mundial. “O VAR vai acontecer. Vai ser excelente ter a tecnologia no futebol, é uma questão de justiça. Estamos a falar com várias empresas de tecnologia que estão muito interessadas no que nós estamos a fazer”, revelou Philippe Le Floch, director comercial da FIFA, citado pela agência Associated Press.

De acordo com o documento que fez o resumo de dois anos de experiência com o VAR em 804 jogos competitivos, que teve como base um estudo de uma universidade belga, foram revistos 3947 situações de jogo, sendo que, acrescenta o organismo, a maior parte destas revisões não interferiram com o jogo, com uma média inferior a cinco revisões por jogo. O IFAB fala de um acerto quase total (98,9%), frisando que é impossível chegar aos 100% “devido à percepção humana e à subjectividade na tomada de decisões”. Ainda assim, acrescenta o organismo responsável pelas leis do futebol, este número é um acréscimo de 5,9% em relação ao acerto das decisões sem o auxílio do VAR.

Segundo os números apresentados, a grande maioria dos jogos nem sequer teve intervenção do VAR (68,8%, 533 jogos em 804), e, dos que tiveram, apenas 42 (5,2%) tiveram mais do que um lance revisto. Dos jogos que tiveram lances revistos, 24% serviram para corrigir avaliações iniciais do árbitro e 8% tiveram influência no resultado final do jogo.

No que diz respeito ao tipo lances revistos, dentro daqueles que estão previstos nas regras do sistema, a maioria (56,9%) foram em situações de penálti e de golo, com 42,3% respeitantes a incidentes de cartão vermelho. Para a outra situação permitida, a de desfazer equívocos sobre a identidade dos jogadores envolvidos em situações disciplinares, o VAR teve uma utilização marginal.

Uma das dúvidas quanto à implementação do sistema tinha a ver com a utilização excessiva e com a perda de tempo, mas os números do IFAB dizem que há pouca quebra no ritmo de jogo. Uma revisão do VAR pode ocorrer durante o tempo de jogo e não dura, em média, mais que 20 segundos. Quando há comunicação entre árbitro de campo e o VAR, esse tempo médio é de 39 segundos, e quando o árbitro de campo decide rever o lance no monitor colocado junto ao relvado, o tempo médio é de 79 segundos. O tempo “perdido”, acrescenta o IFAB, é bem inferior ao tempo que é gasto em pontapés de baliza, pontapés de canto, livres, lançamentos laterais e substituições.

O documento apresentado pelo IFAB faz um resumo das regras de implementação do VAR, cuja utilização já é fixa em campeonatos como a Liga portuguesa e a Bundesliga alemã, e que já foi utilizada numa competição de selecções seniores — a Taça das Confederações do ano passado. Com todas as indicações positivas que recolheu, o IFAB reconhece que o presente modelo do VAR ainda não está preparado para receber a linha virtual do fora de jogo. “É muito difícil estabelecer uma linha virtual que seja uma verdadeira linha recta como se fosse desenhada no campo”, reconhece o organismo, que vai continuar a testar as várias soluções apresentadas por diferentes empresas.

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