Videoárbitro: em quase mil lances na Liga, foram revertidas 28 decisões

Balanço da prestação da tecnologia na primeira volta do campeonato juntou representantes da maioria dos clubes.

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Fernando Veludo/Lusa

Poderia ter sido uma sessão de esclarecimento como qualquer outra, mas o balanço da prestação do videoárbitro (VAR), após 17 jornadas da Liga, funcionou também como uma oportunidade para ajudar a serenar os ânimos juntos dos representantes dos clubes. Nesta quinta-feira, em Fátima, os dirigentes do Conselho de Arbitragem (CA) da Federação Portuguesa de Futebol (FPF) reuniram-se com vários agentes desportivos para retirar dúvidas e dar conta de alguns números. Como este: em 991 lances avaliados pelo VAR no campeonato até à data, 28 acabaram por conduzir à reversão da decisão do árbitro.

Foram 16 os clubes do principal escalão representados no encontro (faltaram Portimonense e Paços de Ferreira), que serviu para recordar os lances-tipo em que está prevista a intervenção do VAR (golos, penáltis, expulsões e erros de identificação) e para enumerar os princípios básicos subjacentes ao uso desta tecnologia: a decisão final é sempre do árbitro; o VAR é um elemento da equipa de arbitragem; a decisão inicial do árbitro só será alterada nos casos em que a imagem mostre claramente que a decisão está obviamente errada; a tecnologia VAR apenas será usada para erros claros ou incidentes graves não detectados pela equipa de arbitragem.

Durante cerca de três horas, os elementos do CA, incluindo o presidente José Fontelas Gomes, abordaram as dificuldades sentidas na aplicação do projecto, deram conta dos critérios usados para a escolha do VAR (árbitros da categoria C1 que estão também sujeitos a avaliação), informaram que David Elleray, cooordenador técnico do International Board, começará a trabalhar ainda este mês junto da FPF no âmbito da formação do videoárbitro e fizeram um balanço global positivo desta primeira volta do campeonato.

Ao longo das 17 jornadas já cumpridas na Liga, foram analisados 991 lances pelo VAR, 441 dos quais se prendem com os momentos dos golos - 297 dizem respeito a eventuais cartões vermelhos, 248 a grandes penalidades e cinco a potenciais trocas de identificação. Já o total de lances revistos pelo árbitro ascende a 41 (17 golos, 10 cartões vermelhos e 14 penáltis), sendo que, desse universo, resultou a reversão da decisão inicial em 28 ocasiões.

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"Saí muito mais esclarecido, muito mais coisas há para esclarecer e questões para colocarmos directamente à Liga. São situações em que temos de ver evoluir o protocolo mas, como se costuma dizer, Roma e Pavia não se fizeram no mesmo dia. Vamos caminhando para a evolução e para a melhoria do futebol português", reagiu Carlos Pereira, presidente do Marítimo, à saída da reunião.

Uma posição semehante tem António Salvador, dirigente máximo do Sp. Braga: "Saímos daqui todos esclarecidos. Sabemos que há coisas a melhorar e o Conselho de Arbitragem reconhece que há coisas que têm de melhorar no VAR com a questão do protocolo. Com o seu tempo serão feitas correcções que, esperemos, venham a melhorar a verdade desportiva".

Como forma de optimizar a implementação do sistema, o CA mostrou-se totalmente a favor da utilização de linhas de fora-de-jogo para avaliar os lances nos ecrãs, mas com duas condições: "desde que tal seja possível em todos os estádios e jogos com margem de erro semelhante e desde que a tecnologia seja validada". No que concerne ao número de câmaras utilizadas em cada estádio, José Fontelas Gomes entende que "cabe à organização da competição garantir os requisitos mínimos".

Para reduzir ainda mais o risco de erro nas decisões capitais do jogo, foi sugerido durante a reunião, por parte dos representantes dos clubes, que seja estudada a possibilidade de avançar também para a tecnologia da linha de golo, já em vigor noutros campeonatos, como a Premier League. Um cenário que terá de ser avaliado em conjunto com a direcção da Liga Portuguesa de Futebol Profissional, entidade que, de resto, já testou o sistema na final da Taça da Liga de 2015.

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