Pintura de Banksy salva de uma praia no Canal da Mancha

Outra obra do famoso artista anónimo britânico estava a ser comercializada, sem autorização, pelo museu de Bristol.

Foto

Bansky continua a ser notícia, seja porque uma nova obra com a sua assinatura surja num lugar inesperado, numa rua britânica ou numa paragem recôndita do mundo, seja porque outra foi destruída, ou vendida em leilão, seja ainda porque surja nova hipótese sobre a sua verdadeira identidade.

As notícias dos últimos dias dizem respeito à comercialização de cópias de uma obra sua pelo insuspeito Museu de Bristol – que se diz ser a sua cidade natal –, sem a autorização devida. Mas também ao salvamento de uma pintura já antiga, numa praia do Canal da Mancha.

A primeira notícia foi divulgada na semana passada pela BBC, dando conta da decisão do Bristol Museum and Art Gallery – que no Outono do ano passado dedicou uma exposição ao artista – de imprimir e vender na sua loja, por cinco libras (cerca de 5,6 euros), reproduções de uma criação de 2009, Busto do Anjo. Como se imagina, a operação teve um sucesso imediato, e foram fãs do artista a manifestar a sua estranheza pelo “negócio”, nas redes sociais. Logo que tomou conhecimento do facto, Banksy fez saber que não tinha dado qualquer autorização para a comercialização da obra.

Um porta-voz do museu explicou à BBC que a decisão da venda tinha sido tomada depois de terem recebido autorização para reproduzir a imagem de Busto do Anjo no guia da instituição aquando da exposição no Outono, e acreditado que ela seria extensível à comercialização posterior. Mas depois da reacção negativa do artista, o museu decidiu retirar da loja as cópias existentes, e anunciou mesmo que devolveria as cinco libras aos compradores.

Logo a seguir – noticiou o The Guardian no fim-de-semana –, outra criação de Banksy foi notícia. Desta vez, tratou-se de uma obra que o artista realizou em 2004 num contentor numa praia do Condado de Kent, no sudeste de Inglaterra, Dungeness. Trata-se da icónica silhueta de uma ave pintada a negro, com o bico transformado na pistola de uma mangueira de gasolina – uma declarada chamada de atenção e declaração de protesto contra a poluição ambiental perpetrada pelas empresas petrolíferas.

Alertado para o anúncio de que a empresa EDF Energy se preparava para “limpar a praia”, um pescador da localidade, proprietário do contentor, contactou o galerista de Banksy, John Brandler, que de imediato providenciou a recolha da tábua com o desenho, e o levou para a sua galeria em Brentwood, Essex.

Com a dimensão 2,50x1,25mts, esta pintura de Banksy é uma sequela da que o artista tinha realizado, no mesmo lugar, em 2001, sobre o mesmo tema dos atentados ambientais, e que fora destruído poucos dias depois de ter sido localizado.

Sobre a obra mais recente, John Brandler disse ao Guardian: "Ela estava a receber muita atenção e a chamar pessoas para a praia, onde os pescadores vendiam peixe”. A publicidade certamente não agradou à empresa de energia EDF, que justificou a operação de limpeza da praia de Dungeness por se tratar de uma reserva natural – “o que é bastante irónico, tendo em conta que a imagem é precisamente sobre os desastres ambientais causados pela indústria petroquímica, e sobre aves sendo mortas pela gasolina”, notou Brandler, que, no ano passado, tinha já ajudado a salvar outra intervenção de arte pública do artista numa casa de banho pública a este de Londres.

Se a remoção e o restauro da obra da praia no Canal da Mancha custou ao galerista “uma enorme quantidade de dinheiro”, a sua expectativa é que a obra venha a valer, no futuro, centenas de milhares de libras. 

Sugerir correcção
Comentar