Após falharem negociações para entrar no Governo, Verdes mudam de líderes

Os dois actuais líderes, Cem Özdemir e Simone Peter, afastam-se para permitir "renovação".

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Simone Peters e Cem Özdemir recebidos pelo Presidente, Frank-Walter Steinmeier após o falhanço das negociações para a coligação "Jamaica" Hannibal Hanschke/Reuters

Os dois líderes do partido Os Verdes da Alemanha anunciaram que não vão candidatar-se à reeleição no próximo congresso no final de Janeiro.

O partido ficou em sexto lugar nas eleições de 24 de Setembro do ano passado, com 8,4%, e entrou em conversações com a CDU/CSU (conservadores) e Partido Liberal Democrata (FDP) para uma inédita coligação de Governo, chamada "Jamaica" por causa das cores dos partidos.

Estas conversações falharam, com os liberais a dizer que as diferenças políticas eram demasiado grandes – mas não sem antes deixar a liderança dos Verdes exposta a críticas por ter cedido logo no início das conversações, desistindo da fixação de 2030 como data-limite para proibir automóveis a gasolina e diesel e também para desactivar as centrais eléctricas a carvão na Alemanha.

Neste momento decorrem conversações exploratórias entre a CDU/CSU e SPD em que os partidos tentam encontrar compromissos para depois negociar um governo de “grande coligação” (direita-esquerda). Estas conversações decorrem até quinta-feira.

“Nos últimos tempos tornou-se claro que não tenho apoio suficiente entre o grupo parlamentar – obviamente não tenho uma maioria e tenho de aceitar isso”, disse Cem Özdemir, um dos líderes do partido, ao Frankfurter Allgemeine Zeitung (por questões de paridade, os Verdes têm sempre uma liderança com um homem e uma mulher). Durante as negociações para a coligação com os conservadores e os liberais, Özdemir chegou a ser considerado potencial ministro dos Negócios Estrangeiros.

Simone Peter, a outra co-líder, disse que não se recandidataria depois do anúncio da candidatura de Anja Piel, que pertence à facção de esquerda do partido (Özdemir pertence à facção chamada “realos”, os “pragmáticos”, assim como a outra cabeça de lista nas eleições, Katrin Göring-Eckardt). Peter disse, numa carta, que não queria “impedir a renovação” do partido.

Os sucessores de Özdemir, na liderança dos Verdes desde 2008, e de Peter, no cargo desde 2013, serão escolhidos no Congresso que se realiza no fim-de-semana de 27 e 28 de Janeiro. O partido costuma eleger não só um homem e uma mulher como um elemento da ala esquerda e outro da ala "realo".

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