Palcos da semana

Capdevielle adapta Un Crime, Francesco Tristano regressa ao Lux, Marco Martins dá a(s) palavras(s) aos Actores, o PortoCartoon lembra Wolinski e o D. Maria II observa o Portugal que se vai extinguindo.

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O encenador francês Jonathan Capdevielle volta à Culturgest com Agora Nós os Dois Pierre Grosbois

Teatro
Un crime, adaptou ele
A Culturgest, o mesmo palco que em 2016 recebeu Jonathan Capdevielle com a peça Adishatz / Adieu, acolhe a sua mais recente criação: Agora Nós os Dois.
O actor e encenador francês quis confrontar-se com a escrita de um autor. Escolheu Georges Bernanos e o seu (único) romance policial, Un Crime, a história de um padre recém-chegado a uma aldeia cheia de verdades veladas.
Na adaptação teatral de Capdevielle, a acção decorre quase sempre na penumbra. Os actores vão trocando sucessivamente de personagens (à excepção do padre), numa polifonia que, segundo a nota de imprensa, "desossa os particularismos da província e descasca a franqueza e as tradições dos aldeões para examinar a condição humana com empatia, ternura e humor negro".
LISBOA Culturgest
Dias 11 e 12 de Janeiro, às 20h30
Bilhetes a 15€

Música
Tristano, o eruditrónico
Formação clássica, interesses diversos, espectáculos híbridos. O pianista luxemburguês Francesco Tristano divide-se entre salas de concerto e pistas de dança. Pelo caminho, vai convertendo os cépticos que não encontram pontos de contacto entre a música erudita e a electrónica. Depois ter lançado Piano Circle Songs (2017) – álbum em que participou Chilly Gonzales (Jason Charles Beck) –, retorna ao Lux para liderar um serão em que cabe tudo menos o preconceito.

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DR

LISBOA Lux Frágil
Dia 11 de Janeiro, às 23h45
Bilhetes à venda apenas na própria noite

Teatro
Traidores feitos Actores
Marco Martins, realizador e encenador, observou o que faziam nas pausas de ensaios e espectáculos os intérpretes que trabalhavam consigo: aproveitavam para decorar textos para outros serviços. Resolveu transformar essa "traição" num espectáculo sobre a própria condição de actor. Chamou-lhe Actores – título curto para uma peça imensamente povoada.
Com cinco deles – Bruno Nogueira, Luísa Cruz (que, ironia das ironias, teve de sair do projecto por ter demasiados trabalhos em mãos, sendo substituída no elenco por Carolina Amaral), Miguel Guilherme, Nuno Lopes e Rita Cabaço – co-criou uma espécie de narrativa autobiográfica de cada um, construída a partir dos muitos textos que interpretaram ao longo da carreira. Entre telenovelas, anúncios, filmes e outros formatos, há mais de 40 textos a passar pelo palco.

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José Sena Goulão

LISBOA Teatro Municipal São Luiz
De 11 a 28 de Janeiro. Quarta a sábado, às 21h; domingo, às 17h30
Bilhetes de 12€ a 15€
PORTO Teatro Nacional São João
De 7 a 11 de Fevereiro. Quarta a sexta, às 21h; sábado, às 19h; domingo, às 16h
Bilhetes de 7,50€ a 16€

Desenho
A soma de Wolinski
Há três anos, em Paris, a redacção do jornal satírico francês Charlie Hebdo foi alvo de um ataque terrorista que vitimou, entre outros cartoonistas, Georges Wolinski.
É ele o homenageado da exposição que abre as celebrações da 20.ª edição do PortoCartoon, festival a que Wolinski esteve ligado como júri durante uma década. Está patente no Museu Nacional da Imprensa, onde existe desde 2014 uma casa de residências artísticas com o seu nome, a Casa Wolinski.
Intitulada Liberdade + Humor = Wolinski, a mostra conta com cerca de 70 livros da sua autoria, todos desenhados em nome da liberdade de expressão.

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DR

PORTO Museu Nacional da Imprensa
Até 31 de Março. Segunda a sexta, das 10h30 às 12h30 e das 14h30 às 18h30; sábado, domingo e feriados, das 14h30 às 18h30
Bilhetes a 2€

Ciclo
Tomar o pulso ao país
O D. Maria II vai andar mais de três meses a reflectir num Portugal em Vias de Extinção, abordando com artistas e pensadores temas como desertificação, gentrificação, memória, tradição ou identidade.
O ciclo abre a 11 de Janeiro, com a estreia de Jornalismo Amadorismo Hipnotismo, uma peça de Rui Catalão que aplica o conceito de notícia às vivências particulares, com um elenco que simula uma redacção.
Seguem-se Canas 44 (de Victor Hugo Pontes), Eu Uso Termotebe e o Meu Pai Também (Ricardo Correia), Ex-Zombies: Uma Conferência (Alex Cassal) e Sweet Home Europa (Davide Carnevali e João Pedro Mamede).
O programa inclui ainda concertos com curadoria de Tiago Pereira (do projecto A Música Portuguesa a Gostar Dela Própria), oficinas de labores tradicionais e uma série de debates.

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Canas 44 José Caldeira

LISBOA Teatro Nacional D. Maria II
De 11 de Janeiro a 27 de Março
Bilhetes a 12€ (espectáculos), 2€ (concertos), 5€ (oficinas)

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