Líder do PS-Madeira acusa oposição interna de fugir ao debate

Eleições internas do PS-Madeira estão marcadas para 19 de Janeiro, com o congresso agendado para o início do mês seguinte. Carlos Pereira candidata-se a segundo mandato, enfrentando a dupla Emanuel Câmara/Paulo Cafôfo.

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No final do ano passado, Pereira trocou São Bento pelo lugar de deputado na assembleia madeirense Rui Silva/Aspress

Carlos Pereira diz ser “inadmissível”. Que é ir contra o “património histórico” do PS-Madeira. Emanuel Câmara refuta as críticas. O tempo, justifica o presidente da Câmara Municipal do Porto Moniz que desafia Pereira na liderança do partido, é de ouvir os militantes.

A dividir as duas candidaturas que se apresentam no próximo dia 19 de Janeiro às eleições internas dos socialistas madeirenses, está a realização de debates entre os candidatos à liderança do partido. O actual líder tem insistido na necessidade de debater com “frontalidade” os projectos para o PS-Madeira e para o arquipélago, mas o autarca do mais pequeno concelho madeirense – são pouco mais de dois mil habitantes –, que em Outubro repetiu a maioria conquistada há quatro anos, tem preferido multiplicar-se em encontros com militantes.

“Desde o primeiro momento, afirmei que a minha prioridade seria auscultar os militantes. É nisso que estou focado e é isso que tenho feito em toda a região”, escreveu Emanuel Câmara, Dezembro passado, na página oficial da candidatura, perante a insistência de Carlos Pereira em levar a campanha interna para os ecrãs da RTP-Madeira e para os microfones da RDP regional.

Quando a meio de Outubro passado anunciou a candidatura à liderança do partido, Emanuel Câmara apresentou como grande trunfo o nome de Paulo Cafôfo, o independente que à frente de uma coligação liderada por PS e Bloco conquistou o Funchal ao PSD em 2013, repetindo a vitória em 2017, agora como maioria absoluta. É Cafôfo que irá avançar daqui a dois anos como candidato à presidência do governo regional, caso Emanuel Câmara ganhe o partido.

Pereira, que no final do ano passado trocou a vice-presidência do grupo parlamentar socialista em São Bento pelo lugar de deputado na assembleia madeirense, não compreende as movimentações, numa altura, sustenta, em que o PS-Madeira vive o melhor momento em 40 anos de autonomia política.

“Quando peguei no partido em 2015, o PS representava 10% do eleitorado, agora vale mais de 30% e está ombro a ombro com o PSD”, afirma, apoiando-se nas sondagens que têm sido publicadas e nos resultados das autárquicas de Outubro. Por isso, e para “saber” que “projectos defende a outra candidatura”, tem chamado Emanuel Câmara e mesmo Paulo Cafôfo para um debate. “A dois ou a três”, diz ao PÚBLICO.

Sem sucesso, para já. “Habituado a servir as pessoas, é pelas pessoas que manterei o rumo que defini, debatendo, neste momento, não a três, mas a dez, a 20, a 50 ou a 100, com todos os socialistas”, argumentou nesse mesmo texto Emanuel Câmara, num dos raros momentos em que quebrou o silêncio público sobre as internas socialistas.

Carlos Pereira não se conforma. “Estou desconfiado e preocupado com o futuro do PS-Madeira, quando assisto a um camarada socialista e outro individuo a fazerem exactamente aquilo que durante anos criticámos no PSD de Alberto João Jardim: fugir ao debate de ideias”, adianta o líder socialista, acusando o adversário de não ter um projecto nem para o partido, nem para a Madeira.

“O que vejo, até porque não conheço nada sobre a outra candidatura, é um mero oportunismo pessoal”, aponta Pereira, lamentando que os três debates propostos pela RTP-Madeira e um quarto que teria por palco a RDP, não acontecessem por recusa de Emanuel Câmara.

Mas o autarca do Porto Moniz, um militante de longa data do PS que sempre que pode agita as ligações antigas de Carlos Pereira à JSD e ao PSD, sabe que tem mais a perder do que a ganhar num confronto directo, mesmo apoiado por Cafôfo, perante um teoricamente mais bem preparado Pereira, com uma larga experiência parlamentar. Tem por isso preferido percorrer a ilha ao lado do autarca funchalense, longe dos holofotes da comunicação social, a mobilizar os militantes.

“Tudo tem o seu tempo, e este é o tempo para ouvir os militantes e simpatizantes do PS. Na hora certa os madeirenses conhecerão tudo aquilo que defendemos para a região”, escreveu Emanuel Câmara, que mostrou-se indisponível para falar com o PÚBLICO.

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