MSC Seaside: este é o navio que vai andar atrás do sol

Uma nova classe para a companhia de cruzeiros italiana e uma nova forma de encarar a vida a bordo. O Seaside é o mais soalheiro de toda a frota MSC e, depois de ter feito escala no Funchal, onde o visitámos, seguiu para Miami, onde ficará sediado.

Fotogaleria
DR
Fotogaleria
DR
Fotogaleria
DR
Fotogaleria
DR
Fotogaleria
DR

Com Miami como porto principal e os mercados norte e sul-americano na mira, não é de espantar que o novo navio da MSC se apresente como algo completamente diferente do proposto até aqui pela companhia de cruzeiros italiana que, nos últimos anos, se tem vindo a afirmar entre as grandes embarcações de recreio. Ainda assim, e embora se aproxime dos gostos afirmados por quem está do outro lado do Atlântico, o Seaside mantém detalhes tão europeus, como que a piscar-nos o olho a uma viagem aos EUA para embarcar nesta cidade flutuante.

Cidade? Sim... Não é o maior dos mares — esse título cabe, por enquanto, ao Oasis of the Seas (6780) e navios da mesma classe, com o selo Royal Caribbean. Mas, com capacidade para 5179 passageiros, consegue para já um lugar entre o top-5. E é preciso mesmo voar sobre o oceano para o conhecer? Nem por isso: em Junho, chega o irmão-gémeo: o Seaview, que ficará a realizar cruzeiros pelo Mediterrâneo, com passagem em Lisboa programada para 22 de Novembro (a 24 no Funchal), quando estiver a caminho do Brasil, para ficar sedeado pelo Atlântico Sul, em Santos. Para saber o que aí vem, nada melhor do que conhecer o primogénito.

São seis da manhã certinhas quando, da varanda do quarto do hotel, sou testemunha da chegada do maior navio da companhia italiana às águas que banham o Funchal. Sem pompa nem circunstância, até porque esta é ainda a sua viagem pré-inaugural — o baptismo oficial viria a ser duas semanas depois, já em Miami, nos últimos dias de 2017 —, é uma entrada sonolenta. Mas a imponência da embarcação não precisa de fogos-de-artifício nem de repuxos de água à sua volta para se fazer notar: mais parece um enorme monstro a aproximar-se dengosamente, sabendo perfeitamente que, mesmo com os navios da concorrência por perto, não há por ali nenhum que lhe faça sombra: são 323,3 metros de comprimento (é como caminhar ao longo de três campos de futebol e meio) e 72 metros de altura, ainda que uma extensa área esteja sob as águas, e a zona mais larga chega aos 41 metros.

Mas o que mais espanta não é tanto o tamanho colossal, mas antes a forma invulgar com que se apresenta, dando primazia aos espaços abertos nos quais se possa aproveitar bem cada bocadinho de sol. Talvez por isso não tenha deixado encantado quem saltou a bordo para uma viagem de reconhecimento entre Trieste e Barcelona: o navio não está minimamente preparado para acolher mais de cinco mil passageiros em dias de chuva.

E isso é um problema? Para quem chegou ao Funchal, onde brilhavam uns calorosos 23 graus, e iria seguir rumo a sul, provavelmente já nem havia memória dos dias cinzentos pelos mares Adriático e Mediterrâneo, com os passageiros a despirem-se de lãs e gorros, substituindo-os pelos trajes de banho e ocupando os vários espaços exteriores.

“O MSC Seaside foi criado especificamente para proporcionar uma experiência única a bordo nas regiões mais quentes, disponibilizando um dos mais altos rácios de espaços exteriores na indústria”, afirma o director-geral da MSC Cruzeiros Portugal, Eduardo Cabrita. E o facto não é difícil de confirmar: uma promenade que dá a volta a todo o navio ao nível do mar, com lojas, restaurantes, restaurante buffet (neste navio há dois, abertos 20 horas por dia) e piscina, elevadores panorâmicos desaconselhados a gente com vertigens, pontes de chão em vidro, que, a 40 metros sobre o nível do mar, nos fazem sentir um frio na barriga (baptizada de The Bridge of Sighs, acredito piamente que arranque alguns...), várias zonas de piscinas, sobre uma das quais “voam” duas tirolesas e, como não podia deixar de ser, com a maioria dos camarotes (76%) posicionados do lado de fora do navio, fruto de uma arquitectura única e que, com vários comunicantes e modulares, podem acomodar uma família ou um grupo de amigos de até dez.

No fundo é como estar num qualquer resort de praia. Mas com a benesse de estar sempre rodeado de água e a vantagem de ir saltitando de porto em porto — as viagens de cruzeiro são sempre uma boa maneira de conhecer vários destinos se a intenção passar apenas por um conhecimento superficial de cada sítio.

Divertimentos de Verão

Se este é o navio que vai andar sempre atrás do sol, não é de admirar que grande parte dos divertimentos esteja pensada para desfrutar do mesmo. A começar pelas piscinas. Ao todo são seis piscinas públicas (a maior tem 2500 m2), vários jacuzzis espalhados onde o convite é para relaxar e, qual cereja, um interactivo parque aquático que está entre os maiores alguma vez construídos num navio de cruzeiro. Um complexo de escorregas, parque com repuxos, piscinas e um Slideboarding que reúne escorrega aquático a um ambiente de videojogo: o convite é para deslizar 110 metros num bote que inclui os controlos do jogo que são vários botões de diferentes cores. O objectivo passa por combinar os botões às cores das luzes que vão mudando ao longo da descida.

Para os mais pequenos também está tudo pensado ao mais ínfimo pormenor, inclusive a pulseira que lhes é destinada e que os permite localizar a cada instante. Além de estrear uma vasta área dedicada aos divertimentos infanto-juvenis, separados por idades e sobretudo interesses (há a sala da Chicco para os bebés, Lego para “minis” e “juniores” e dois clubes para pré-adolescente e adolescentes a partir dos 15 anos), a área de piscina para os mais novos é garantia de divertimento.

Para gostos mais “crescidos” (e não só), simulador de Fórmula 1, pista de bowling em tamanho real, cinema 5D (com assentos dinâmicos e sensações), um recinto desportivo multi-actividades e, claro, casino, criado a preceito para oferecer oportunidades em alto-mar. No capítulo ainda do entretenimento, o MSC Seaside terá em cartaz quatro sessões dos seus espectáculos por noite, criando a oportunidade para que a maioria dos passageiros possa reservar um lugar no teatro com 934 lugares.

Por falar em reservas, tudo neste navio está à distância de um smartphone ou de um ecrã interactivo dos muitos espalhados por todo o espaço: escolher horário de refeição e de espectáculo, reservar lugar no teatro, marcar mesa num dos quatro restaurantes de especialidade (há o Pan Asian Market Kitchen pelo premiadíssimo chef Roy Yamaguchi, criador da culinária “fusão hawaiana”; Ocean Cay, dedicado exclusivamente a peixes e mariscos; Butcher’s Cut, uma steak house; e a tradição nipónica tem lugar no Teppanyaki, também com a assinatura de Yamaguchi).

Tecnologia “verde”

Mas a vertente tecnológica do MSC Seaside não se fica pela forma célere e cada vez mais imediata com que trata dos desejos e necessidades dos passageiros. O navio, garante a MSC, também dispõe de características únicas destinadas a reduzir o impacte ambiental das suas operações. A começar pelo tratamento de águas avançado que separa poluentes e substâncias abrasivas antes de as despejar. Já os resíduos sólidos têm uma zona de tratamento específica, onde tudo é separado, comprimido e compactado de forma a tornar mais fácil a gestão também do despejo quando atracado. No que toca ao funcionamento do navio, a companhia informa que conseguiu manter os níveis de emissão de poluentes (SOx, PM e CO2) em linha com o regulamentado pelas autoridades marítimas internacionais, tendo procurado a eficiência através de pequenos detalhes que reduzem o arrastamento, permitindo a poupança no consumo de combustível: tintas anti-incrustantes, linhas de casco optimizadas, aprimorados lemes e hélices, iluminação LED e instalação de um sistema avançado de recuperação de calor para a água doce usada na lavandaria como nas piscinas.

A Fugas viajou a convite da MSC

Sugerir correcção
Comentar